terça-feira, agosto 10, 2010

Minimais

Diz qualquer coisa inteligente. Minimais. Inteligente? Minimais. O que é que isso tem de inteligente? Minimais é, por si, uma palavra inteligente: faculdade de ligar-algo-a... para estabelecer uma hipótese de compatibilidade. Como a inteligência: passar algo de um lado para o outro: vá lá: conhecimento. Uma hipótese de conhecimento. Minimais é o todo, pela parte do que queremos que seja o todo, ou que achamos que é o todo. É o mundo aí contido, porque as relações um-e-outro-todos-nós-outros-quaisquer-que-sejam são minimais. As pessoas também são mundo. E elas são minimais. Essa coisa de inventares palavras e de as colares à tentativa de realidade é uma coisa arrebatadora. Problemática. Tens sempre de explicar para te entenderem. Não é bem colar. É organizar o pensamento no espaço-tempo convencionado com o espaço-tempo de dentro. É sempre de dentro-para-fora-e-de-fora-para-dentro. Inspira-expira-inspira-expira. E é muito fácil de entender. Até mais explícito no exercício de entender, se lermos com atenção o óbvio. Desaprendemos a ler o óbvio. E perdemo-nos nas palavras.

Acordamos-vivemos-dormimos, acto contínuo, e achamos que a vida é isto, que nos entendemos todos muito bem, porque falamos todos a mesma linguagem. É uma ilusão. Não nos entendemos porque falamos todos linguagens muito diferentes. E essa não tem tradução, ilustrações, desenhos animados. Há-de haver um dia em que o cérebro dispara em circuito electrónico e temos no ecrã a reprodução dessa neblina cerebral todo o processo do-que-penso. Com todas a suas perversidades e angústias. Outra ilusão: primeiro a dos códigos que organizamos para processar essa informação, sempre baseada naquilo que conhecemos, restringindo o universo infinito do conceptual. O que existe para lá do infinito? Depois, a ilusão evidente da interpretação. Ela depende sempre da linguagem pessoal. A que construímos, que muda diariamente, e que se desajusta sempre um pouco- e ainda mais, por isso – aos outros-esses-nós-eu-tu.

E é aí que entram os minimais. São plataformas possíveis de entendimento. Ouve: plataformas, por isso, coisas fabricadas. Escadas; peças de leggo; chave-fechadura; tomada-ficha-eléctrica (alta-baixa-voltagem); sapato-38-pé-37;ião-positivo-negativo-positivo-positivo. Todos fazem parte do mesmo esquema funcional (disfuncional), mas não falam a mesma linguagem. São extensões naturais de um mesmo média, mas não compatibilizam. E em minimais fazemos sempre um esforço para forçar a entrada-a-saída. Sobretudo a saída! 

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