quinta-feira, novembro 27, 2008

domingo, novembro 23, 2008

Os dias em que fui Penépole Cruz, Johanssen e Isolda

Esta semana fui Penélope Cruz e Scarlet Johanssen, dormi com o Javier Bardem, para compensar algum dissabor de Barcelona - várias vezes - e ainda bebi vinho com o Tristão à beira de um ataque de nervos por causa da Isolda- também era eu, acho! Esta semana fui assim, uma quebra-corações. Vou-me embriagar de ficção nos próximos tempos. Estou a precisar de uma overdose dela






sábado, novembro 22, 2008

Dias Plásticos: ingredientes dia "fast-food"

Acordar às 12h
Levantar da cama (20 m)
Banho (10 m)
Sumo de pêssego (7 segundos)
Papaia (2 m)
Ler (2h)
Planos para sair (30 m)
Agenda cultural (10m)
Vontade de sair (10 s)
Chuva (2h)
Internet (2h)
chat (1h)
Café (10m)
Internet(1h)
chat (2h)
Esperança que o dilúvio se vá (10s)
Trovejar (3 s)
Internet (1h)
Chat (20m)
Internet (30m)
chat (10m)
Preparar Sopa de mandioca (5 m)
Tomá-la (10m)
Perder tempo a colocar este post (5m)
Filme: (2h)
Sono de princesa e ainda com o dilúvio lá fora (????)

Para ler, com a boca


Do Desejo; e Da Noite
Hilda Hilst



E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
(Do Desejo - 1992)

* * *

Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.
Do Desejo - 1992)

* * *

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
Da Noite - 1992)

Sem prozac nem xanax, olhos nos olhos com o Planeta


Um link que, além de importante, alerta - a brincar - o quão irresponsáveis somos. A saúde do planeta há muito está debilitada. Preocupa-me não a convalescença, mas o processo degenerativo, ainda demasiado silencioso. Estamos a ficar sem fôlego.Já pensaste no que andas a fazer por ele?

terça-feira, novembro 18, 2008

Itinerários

Os classificados do jornal anunciam que homem branco, 38 anos, chamado Kliforf Bertz desapareceu na madrugada de anteontem. Vestia calças castanhas, vincadas, gastas, puídas, cunhadas com a marca “Dos Hermanos”; camisa axadrezada, estilo toalha de mesa italiana- vermelha e branca. Foi visto pela última vez na rua Karl Marx,
às 23h09m, enquanto tentava atravessar a rua. Na altura, o rosto tinha uma barba rala de três dias, usava sapatilhas estilos anos 80 e corria “como se estivesse a fugir de alguém”. As informações foram apuradas pela polícia, a partir do relato de um mendigo que dorme no Jardim da praça Lenine, no cruzamento entre as ruas Karl Marx e Pedro II. O mendigo – mais tarde apuraram qual a chapa de cidadão nacional, embora o sujeito não portasse bilhete de identidade – gesticulava sempre que falava, como se estivesse a espirrar tinta com as mãos para a anarquia branca de uma tela virgem. As autoridades que levantaram diligentemente a informação – apenas falhando nas vírgulas e na ortografia – tiveram de acreditar, temporariamente, na palavra do homem, que se auto-intitulava Picasso. “É nome, não apelido. Minha mãe achou que era aberração da natureza, disforme e parido sem ser convidado pelas graças da Humanidade. Alguém lhe falou do pintor. E ficou Picasso, simplesmente. Mas com “kapa”: Pikasso! Sou pastor de rua. Ajudo as pessoas a encontrar o caminho para casa".

sexta-feira, novembro 14, 2008

Viagem de fim-de-semana



Esta será a minha viagem no fim-de-semana. Depois conto-vos como foi. É bom ter um lançamento em tempo real deste lado do oceano. Caso contrário teria de pedir que mo enviassem! Espero que a viagem dure muito. Até encontrar, onde me esperam!

sexta-feira, novembro 07, 2008

Geração Rasca #2

Iam para a cama com o "Vitinho", cresceram a ver MacGyver, um tal de "Duarte e Companhia" e são do tempo em que K7 era sinónimo de música. Um certo jornalista e uma certa ministra da Educação traçaram-lhes o destino: "Geração Rasca". Nunca mais foram os mesmos. Atravessaram oceanos, sairam de mochila às costas para galgar uma certa ideia de cidadania. Estão aí, espalhados, a viver sonhos e a fazer do mundo um laboratório. A "Crónica Luna Samba" anda à procura desses portugueses e, quinzenalmente, publicar aqui neste blog o que a geração rasca anda a fazer. Segue a segunda dose!

[-Rum, bulas médicas e o charuto ali tão perto. Um quase pirata das Caraíbas, a resgatar o sonho dos trópicos-]


Faz do trabalho um destino de férias e diz que os melhores remédios para a saudade são o samba, merengue, Batxata e... caipirinhas. Às vésperas de embarcar, não sabia bem o que, afinal, ia fazer no país da "cidade perdida" do actor/realizador Andy Garcia. “No hay problema"! A vida é como um medicamento: ou tomas logo, ou fica fora de prazo. Tomou dose dupla. "Es usted que sabe!"

[Zoom in] Miguel Nogueira, 27, Lisboa, São Sebastião da Pedreira

[Fermento Royal] Instituto Superior de Economia e Gestão – Gestão, Lisboa

[Fuso horário] Santo Domingo, República Dominicana, Controller na Sanofi-Aventis

[Mapa Mundo] Passei por São Paulo: aprendi que, quanto mais longe estás de casa, mais orgulho tens do país onde nasceste, ainda que com a distância e através de um simples exercício de comparação consigas objectivamente (o mais possível) fazer uma análise dos pontos mais negativos que assolam Portugal...

[KIT S.O.S] A maior aventura deve ser esta: país "desconhecido", onde todos andam armados e frequentemente embriagados; factor da língua, e um país com uma cultura marcada fortemente pelo "Império" americano, com traços de orgulho nacional

[KIT Costura] Saí de Portugal porque gosto de desafios. Quis enriquecer o meu currículo e ganhar experiência num sector altamente atraente para mim e, claro, procurava melhores condições financeiras.

[Q.I] Aproveitar a proximidade de Cuba, México, EUA e viajar, viajar, viajar... Tentar repensar boas oportunidades de emprego, negócio...

[S.a.u.d.a.d.e.] Família, amigos~; da nossa gastronomia, vinhos portugueses, café delta, Bairro Alto, Super Bock, Acesso à cultura internacional: concertos, teatro, cinema.

[Oxigenar os neurônios] Conhecer melhor que povo é este, circulando por todos os meandros e classes. Ler em espanhol, ver filmes com legendas em espanhol. Sair e ficar só a observar as pessoas e seus rituais.

[TPC] ACABAR com as "cunhas", os "jobs for the boys". Implementar uma política de gestão no governo, tentado gerir o país como se de uma empresa se tratasse... Retirar os "sanguessugas" do governo. Implementar uma campanha de "Orgulho de ser português", "orgulho do que é português"...

[Prémio Nobel da Paz]
O Microcrédito de Muhammad Yunus, fundador e presidente do Grameen Bank. É para mim uma das melhores ideias do mundo contemporâneo e apenas possível para alguém puramente benévolo. Outra ideia: reduzir a escalada de armamento, através de diplomacia. Apenas através da diplomacia se conseguem obter resultados. Mais: investir fortemente em soluções ecológicas de transporte e de energia.

[Ger.ação Raz/ca...] Não existe. O que existe são pessoas que não marcam nada nem ninguém nas suas vidas. Que vivem conformadas com o que os media e os governos dizem, nomeadamente a ideia de que não podem fazer nada relativamente ao poder (podre) instituído, às mentalidades retrógradas.

Gostaria que os portugueses que pudessem ter a oportunidade de viver uma experiência no estrangeiro a aproveitassem. Programas como DaVinci, Erasmus, InovContacto, Civiweb,etc... são para se aproveitar, expandir a mente e voltar eventualmente a Portugal com mais conhecimento, com novas maneiras de pensar, de fazer, de produzir, de inovar.

Next Station:"Próxima Estação"

Comecei a minha fase “próxima estação”. Depois da fase “gasta solas”, da fase “catraca” e da temporada “quase-triatlo” (bike, penantes) – e esta ainda está na lista quando não chove- entra agora, desde a passada segunda-feira (3), a época "tuuu-alarme-abre-porta-fecha-porta-plick-automático". Levantei-me e segui os meus passos até ao submundo dos transportes colectivos da capital paulista (pormenor: começando a fase varanda, também, com vasos e árvores debruçadas sobre o parapeito; fase faiança portuguesa, com pratos quase pintados de fresco na parede; fase kitsch com uma cozinha amarela completamente pop e fogão anos 70; bom enfim: fase com ar de ano novo, mas desta vez sem ter engolido 12 uvas passas).
É. Depois de 2006 ter sido o ano a pé, 2007 e 2008 não se fizeram rogados à familaridade dos “pontos de ônibus”, seguido do “roça-roça-costas-com-costas”, antes e depois da catraca (ah” os torniquetes!). Fim de 2008 já quase que expulsa os últimos meses, em jeito de ensaio para a mobilidade de 2009 que, sim, é a fase “próxima estação” – acho que mãe das vozes dos actuais GPS (vire à direita; chegamos ao destino). Ok: agora ando de metro (oops metrô, tá!), que aliás, sempre foi o tal “fetiche” que desde o início andava na minha cabeça: “Em Sampa tem de rolar metrô - ou melhor eu tinha de rolar no metrô, todos os dias”. Fetiche mesmo: acho piada a circular nesta geringonça. No centro da terra? Próxima estação: ”Consolação” – não chego ao Paraíso, mas tudo bem, o metro, todos os dias, vai a caminho dele. Pode ser que lá chegue, assim devagarinho, um dia, quem sabe ao céu, até. Pois é que depois destas experiências antropológicas com transportes colectivos em São Paulo (quase pós-doutoramento, heim), já só falta mesmo a minha fase hélice. Para quando o helicóptero?

sábado, novembro 01, 2008

Oxidar

-Sei lá, será que oxida?
-Assim, até enferrujar? Ou apenas avinagra?
-Até pode ser, mas é estranho!
-É sempre estranho, mas até pode ser um lugar inabitável, só isso!
-Que o amor oxide?
-Não é de ferro, sabemos, mas há alguma coisa que o faz oxidar.
-Cristal. Talvez cristal. Refractado. Reluz, quase perfeito, mas inútil.
-Ás vezes é quartzo - move sempre nosso tempo, explora segundos de angústia, enjaulados numa eternidade, e ingrato no roubo do tempo.
-E consome como rastilho a nossa leveza. Dá-nos olhos com rugas. Olheiras.
-Mas oxidar, assim?
-É, cristal!
-Só quando se esmiuça em cacos e vidrinhos reluzentes é que percebes o colorido escacado.
-Parece sabes. Que o amor oxida. De todas as formas e matérias. É que tudo se transforma em pó e vai com o vento!