quinta-feira, novembro 30, 2006

quarta-feira, novembro 29, 2006

foto.grafia de vnrodrigues

quarta-feira, novembro 22, 2006





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Janelas com vista #1


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sexta-feira, novembro 17, 2006

Abraça-me, por Rute Rosas


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“Não comerei!”

Desconheço as estatísticas que declinam nas doenças por distúrbio alimentar. Mas, presumo que não ficaria surpreendida com os resultados.
Da bulimia à [quase irreversível] anorexia os factos estão aí - essencialmente despertados por A. e Z., aqui mesmo, em São Paulo. Nesse presente carregado de mazelas irracionais de saúde. Cunho crónico entre os 16 e 25 anos, sobretudo. (Conheço de perto os tiques que Al. tem de uma velha anorexia por superar; R. ainda me fala que I. trata os dentes apodrecidos pelos vómitos provocados; mais as disfunções digestivas).
Na Europa, por detrás do pano da moda e da “aparente” boa forma escondem-se problemas muito mais sérios do que a magreza das passerelles. Do mediatismo ao problema doméstico- que desponta em dezenas de casas, assim.
Por cá, (Brasil total) passaram dois dias [pouco tempo para as circunstâncias que se apresentam, assim num prato frio do dia-a-dia]: duas notícias com o mesmo teor. O mesmo alarme. Razões do mesmo fim, depois de alguns meses de internamento e acompanhamento psicológico:
A., mulher, modelo, 21 anos, 40 quilos, 1,74m.
Z., mulher, estudante de moda, 21 anos, 45 quilos, 1,70m.
Causa: víciadas numa magreza doentia, alinhada com uma distorcida noção de si mesmas. Sim, anorexia! Problema sério [sobreposto entre a complexidade psicológica e distorção física, ainda mais num país (mais do que em qualquer outro lugar) pródigo em viciados pelo corpo; pelo exercício físico; silicone. Numa apologia irreal e ilusória do bem-estar pelo corpo “sarado”, por vezes chupado sim! Esquelético.
Na sofreguidão da estética corporal, alguns pais (não entendo este fenómeno ultra modernista, caído em decadência familiar – talvez a tragédia dê origem à catárse) endividam-se para satisfazer adolescentes mimadas com presentes de silicone.
E a realidade de A. e Z. nada significa afinal. São estatística sim! E para mim continua a ser confusa, essa visão distorcida do corpo, do limite! Continua a ser, ironicamente, obscura a apologia sem sentido da magreza.

Filho da esquerda

(Versão original: Português do Brasil)
O cigarro apressado sai da boca mal sorvido. Os dedos trêmulos. A voz inquieta. Olhar desfragmentado entre a realidade e o desejo dela, Bia (Simone Sploadore), de ficar ali, naquela casa, aconchegada, enquanto espera o marido, Daniel (Eduardo Moreira), sempre atrasado. Malas inquietas, que palpitam de improviso. Passos desnorteados. Férias que começam, assim, ansiosas e desregradas de entusiasmo.
Debruçado sobre a mesa envelhecida - cansada de raspagens pueris - o pequeno Mauro (Michel Joelsas) extravasa a imaginação: empurra botões que disputam entre si o gol e a defesa do goleiro. Brincadeiras que sustentam a metáfora do longa-metragem de Cao Hamburger, premiado neste ano no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo: “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”.
Saída abrupta. Um fusca azul parte de Belo Horizonte com destino a São Paulo - ao bairro do Bom Retiro, mais exatamente.
“Quando vocês voltam?” - inquieta-se o garoto.
“Na Copa, filho. A gente volta na Copa” - sossega-o, trêmulo, o pai, antes de partir em seu fusca.
Daí, discorre toda a psicologia infantil de Mauro, forçado a sentir as agruras dos pais de férias codificadas pela clandestinidade da esquerda, num país de democracia adormecida e ditadura acordada de insônias – repressão, silêncios, bocas amordaçadas e memórias apagadas de reflexos do que poderia ser. Reflexos simbólicos esses, traduzidos na fotografia de Adriano Goldman, que bafeja imagens em contraponto no espelho do banheiro, no relógio antigo, no vidro do carro. E depois a música estilhaçada de 1970. Os ruídos da agulha a roçar no vinil. Beto Villares se encarrega da carga simbólica sonora.
Mas Mauro, ao contrário da previsão dos pais, não é amparado pelo avô Mótel (Paulo Autran), que morre pouco antes da sua chegada. É o vizinho que se encarregará do pequeno. É a maturidade forçada que espicaça Mauro; as histórias por viver; a infância por contar; as saudades; e a esperança de que a Copa do Mundo traga de novo aqueles que o deixaram à porta do prédio de um avô que também não voltou a ver.


Salas de Cinema próximas
Kinoplex Itaim - Sala 114h10 16h45 19h 21h15 23h30 somente sexta e sábado e terça

Bristol - Sala 312h45 14h55 17h05 19h15 21h25 23h35 somente sexta e sábado Sessões NÃO válidas na terça.

Espaço Unibanco - Sala 414h 16h 19h10 21h30

HSBC Belas Artes - Sala 2 - Cândido Portinari15h 17h10 19h20 21h30

Reserva Cultural de Cinema - Reserva Cultural 313h 15h05 17h10 19h20 21h30
Texto publicado originalmente na intranet da Energias do Brasil

[-Umas ideias sobre o assunto-]

R. pediu que eu trocasse umas ideias sobre o assunto. C. perguntou-me como foi [na verdade perguntava sempre; só queria saber de mim]. N. lembrou-me disso e parece que este ano ele foi seleccionado, também.
S. falou-me da distância, das proximidades; mas eu não iria esquecer o mês [e quase esqueci pela sofreguidão das horas, dos dias, dos meses, do meu tempo]. E ontem H. reivindicava que voltasse para me rever; e nem queria acreditar que nove meses estavam aí. Tal como P. que me falou da vulnerabilidade das passagens por cá. Há um ano, num hotel em Lisboa, o meu contexto [e tudo mais que isso implica] começava a preparar-se para a incógnita de nove meses. Tal como parir um filho, disse; diziam!, brincavam; discorriam em argumentos e ideias que especulavam sempre sobre como é estar do outro lado do Atântico.
Depois, lá naquela quinta, nos arredores lisboetas, soava pelo microfone um nome híbrido, que entendi sem perceber o porquê - apenas centrada no destino e no país. São Paulo, soou-me um nome cru, como outra cidade qualquer. Afinal o destino já se tinha tornado indiferente. Um baque sonolento e irreal. O eco ainda entoava. E se o J. bem se lembra, AC brincou quando anunciou, mais tarde, uns quantos nomes depois, o mesmo destino e a mesma empresa. Que iria tomar conta de mim! Hum, sabemos que ninguém toma conta de ninguém, da forma como se evidenciava!!!
Mais: lembro do receio de todos lá em casa; dos amigos. SP não era, para eles a cidade ideal. Não é!Mas, afinal ideal para quê? Não sabemos nada sobre o assunto!
Depois: lembro-me da ansiedade. 159 nomes mencionados aleatoriamente. Uma indecisão de duas semanas sobre para onde ir - pouco ou demasiado tempo [ e esta era sim uma dúvida existencial em lato senso - lamento o cliché; mas vale por si agora]. Foi precisamente há um ano (assegura este mês) que soube que SP seria um intervalo na minha vida de lá; seria uma oportunidade para me conciliar e redimir com o abraço que PT não me dá, há demasiado tempo. Ou agora entendo que não. Nove meses é mais do que parir um filho, sim....

terça-feira, novembro 14, 2006

quarta-feira, novembro 08, 2006

C., com quem já não falava há muito tempo (demasiado talvez) perguntou-me porque sou feliz (?) aqui. Quis saber sobre a saudade (o tempo interrompido da presença do lugar). Quis saber sobre as raízes; sobre os lugares saboreados; as conquistas da terra; as identidades; as amarguras; os tempos difíceis, silenciados; partilhados apenas com quem nos estende.
C. nunca teve jeito para cartas. E a nossa amizade não é do tempo dos telemóveis, do messenger, da conversa virtual. Por isso, a conversa ficou lá presa na infância do bem-estar, como se nada tivesse mudado desde que mudei de casa há muitos anos. Desde que deixei por lá, as ruas da infância; os cheiros e os arroubos adolescentes - suspensos no tempo. É assim com a amizade. Percebemos quando concluímos as diferenças entre nós e mesmo assim cuidamos! Eu soube [quase!!!] logo o que lhe responder [as excepções estão aí]. Saudades lusas: muitas. Sensações mil, únicas! Amizades! E a felicidade (?) [não sei]: da minha reconciliação com cada espaço em que me encontro e me revejo numa oportunidade de recomeçar sempre? Na verdade em qualquer lugar!E sempre onde me fazem sentir bem. Não será pela louca meteorologia; pelo cinza de algumas calçadas; pelo acelerado fluxo de rodas no asfalto; pelo albergue a céu aberto das ruas da cidade; pelos rostos tristes. Porque seria, então? Talvez porque aqui é um porto sempre de partida para qualquer lugar. Porque há lugares; sensações que nos fazem sentir em casa - mesmo que não seja! Um lugar de passagem sempre para lá, aquém ou além. Por lá, longe ou perto? Onde descanso recupero e acredito na saudade de poder voltar entre este e aquele, para regressar nessa ponte de sotaques transviados. No teu; o meu!Não sei! Talvez por isso. Ou ainda sem o rigor de o ter de definir. E sentir simplesmente!

segunda-feira, novembro 06, 2006

quarta-feira, novembro 01, 2006