quarta-feira, novembro 08, 2006

C., com quem já não falava há muito tempo (demasiado talvez) perguntou-me porque sou feliz (?) aqui. Quis saber sobre a saudade (o tempo interrompido da presença do lugar). Quis saber sobre as raízes; sobre os lugares saboreados; as conquistas da terra; as identidades; as amarguras; os tempos difíceis, silenciados; partilhados apenas com quem nos estende.
C. nunca teve jeito para cartas. E a nossa amizade não é do tempo dos telemóveis, do messenger, da conversa virtual. Por isso, a conversa ficou lá presa na infância do bem-estar, como se nada tivesse mudado desde que mudei de casa há muitos anos. Desde que deixei por lá, as ruas da infância; os cheiros e os arroubos adolescentes - suspensos no tempo. É assim com a amizade. Percebemos quando concluímos as diferenças entre nós e mesmo assim cuidamos! Eu soube [quase!!!] logo o que lhe responder [as excepções estão aí]. Saudades lusas: muitas. Sensações mil, únicas! Amizades! E a felicidade (?) [não sei]: da minha reconciliação com cada espaço em que me encontro e me revejo numa oportunidade de recomeçar sempre? Na verdade em qualquer lugar!E sempre onde me fazem sentir bem. Não será pela louca meteorologia; pelo cinza de algumas calçadas; pelo acelerado fluxo de rodas no asfalto; pelo albergue a céu aberto das ruas da cidade; pelos rostos tristes. Porque seria, então? Talvez porque aqui é um porto sempre de partida para qualquer lugar. Porque há lugares; sensações que nos fazem sentir em casa - mesmo que não seja! Um lugar de passagem sempre para lá, aquém ou além. Por lá, longe ou perto? Onde descanso recupero e acredito na saudade de poder voltar entre este e aquele, para regressar nessa ponte de sotaques transviados. No teu; o meu!Não sei! Talvez por isso. Ou ainda sem o rigor de o ter de definir. E sentir simplesmente!

1 comentário:

Anónimo disse...

Que delícia! Fazes-me regressar à. adolescência e reviver os gritos de satisfação que muitas vezes soltei. Também partilhei sentimentos perecidos com alguns dos meus amigos.Que saudades. Que bom estar a viver o presente. Sou Feliz só de pensar em ti minha Princesa!