quarta-feira, abril 26, 2006

terça-feira, abril 25, 2006

segunda-feira, abril 24, 2006

Foto-Reportagem em Poá (Abril, 2006)













Nota: Fotografias realizadas para as "Energias do Brasil", no âmbito do projecto "Ler é uma viagem"- projecto de responsabilidade social.
@ Vanessa Rodrigues

quinta-feira, abril 20, 2006

As cores de uma escola de Poá

Poá, Estado de São Paulo, Abril de 2006
Por Vanessa Rodrigues@

Juscelino, mestre do tempo

Como sempre Juscelino acordou hoje com a noite cerrada. O silêncio na rua, ainda o acompanha. Não é que queira fazer-lhe companhia, mas assim o manda a obrigação. Há muito papel espalhado pela cidade. Alguns quilos podem render-lhe uns bons reais. Comprar pão, chop, arroz. As pequenas coisas. (Ou pequenos luxos?). E quando a cidade acorda já ele caminhou mais de 10 quilómetros. Vagueando. Olhando o chão precioso.
Arrasta o atrelado com as mãos. São crus relevos escuros, rasgados pelo ar, sulcados pela chuva, poluição. E até mesmo a saliva que muitas vezes teve de fazer correr para sarar uma pequena ferida. O ferro do atrelado é rústico, áspero e corta se não for levado com jeito e perícia. As mãos voltam-se para trás e suportam com a palma a pega que vai arrastar o carro de duas rodas, puxado a força humana. A dele.

Quando caminha, o corpo magro parece ganhar outra pujança. Os braços, musculados, mas traídos pelo manto rugoso da idade, unem a garra para arrastar as várias placas de papelão âmbar (sujo e molhado). Agora Juscelino está no meio do trânsito. Em plena grande via de São Paulo. Por coincidência, Juscelino queda-se no meio do trânsito que flui, em plena Avenida de um homónimo seu: Avenida Juscelino Kubitscheck. Ele ignora. Nem lhe interessa o nome da rua. Para ele uma placa qualquer como todas as outras. “Talvez publicidade”, poderá pensar. Não é fácil entrar no universo dele. Nunca aprendeu a ler e talvez nem saiba para que serve. Tem outras preocupações. Um universo só seu e na mesma proporção respeitável. E do qual todos nós podemos ser, portanto, analfabetos. Mais: iletrados. Porque ele pode ser mestre.
O semáforo de peões dispara vermelho. Ele passa assim mesmo. Ignora. Não estranha o movimento dos carros. É que está mais do que habituado à azáfama do tráfego.

Com a mão disponível do lado esquerdo; e suportando o peso do atrelado nas costas; Juscelino gesticula tal qual um sinaleiro para ordenar os carros a passar. É como quem diz: “Passem, Passem. Não me importo. Têm mais pressa do que eu. Tenho tempo. Aliás todo o tempo do mundo!”. Continua a gesticular. O sinal está verde para os carros. Eles circundam a avenida. E lá está ele, mesmo no meio do trânsito, de cabelo grisalho e tez morena. Camisola amarela, calções de ganga e havainas pretas. Depois, há um hiato no trânsito, ainda que o sinal se quede verde. Juscelino avança. O atrelado parece agora mais leve, porque ele descansou ali no meio do trânsito sem se aperceber. Teve uma pausa na sua marcha. E agora caminha, arrastando o pequeno carro velho atrás de si, deixando para trás a placa da grande avenida.

quarta-feira, abril 19, 2006

A caminho de Poá, Estado de São Paulo

Favela nos arredores de São Paulo, Abril de 2006

Esta é uma das realidades de São Paulo (e do Brasil em geral). Por detrás do fausto e da exuberância dos prédios da grande metrópole, escondem-se comunidades indigentes. Carentes das condições mínimas de sobrevivência.

segunda-feira, abril 17, 2006

A anedota por detrás da política


Kibe Loco é o resultado de uma boa dose de humor com arte (design) e crítica (sobretudo política). O blog com esse nome, da autoria do publicitário brasileiro Antonio Pedro Tabet, é um sucesso no Brasil - não só entre as comunidades da web, mas também nos corredores da política brasileira (ou não fossem os políticos os alvos das críticas). Ele mostra, através de fotomontagens (toscas) o outro lado das notícias e analisa, caricaturalmente, os políticos e o Governo.
O blog é de tal forma um sucesso que Tabet foi contratado pela TV Globo para criar um quadro humorístico - a estrear no próximo sábado.
O mais interessante deste fenómeno - segundo garante o autor de Kibe Loco - é que o próprio já recebeu propostas de três partidos para se candidatar a deputado federal.
Verdade ou não, a meu ver, a questão remete para essa ligação inata do humor à política. Se assim for, os governos são então o que suspeitamos há muito tempo: uma anedota? Será que esta é prova que faltava?
P.S. Para ver o blog referido basta clicar no título deste post; tem link directo para o site. Aliás quase todos os posts deste blog têm link directo a partir dos títulos para os assuntos referidos. Boa navegação.;)

quinta-feira, abril 13, 2006

Parati

Este blog encerra para férias nos próximos três dias. É que há uma razão muito forte para que tal aconteça: Parati - terra de mar e cachoeira (mais uma vez!).

Palavras Novas

Por vezes surgem, no meio de artigos informativos, palavras que acho demasiado rebuscadas para figurar num jornal. Hoje, por exemplo estava a ler uma notícia sobre um projecto de crescimento, desenvolvimento e pobreza no Brasil e surge algo como: "...ficou surpreso com a taxa de inadimplência (?)".
No momento pensei: "Também eu (fiquei surpresa!)". Não pelo valor da taxa, mas porque simplesmente inadimplência me pareceu um termo de há muitos séculos. Mas pelos vistos este conceito não tem nada de requintado. Equivale, aproximadamente, ao que em Portugal se chama de dívida.
"Inadimplência, a rigor, é uma situação de qualquer quebra de cláusula de contrato. No mercado financeiro, no entanto, muitas vezes o termo é usado como sinônimo de situação de atraso de dívida. O inadimplente, portanto, neste sentido que vamos usar, é aquele que deixou de pagar suas dívidas em dia."
In o Estado de São Paulo

quarta-feira, abril 12, 2006

Festa Lusa

Hoje há festa lusa lá em casa. Estão todos convidados.
Bilhete de entrada? Não se esqueçam do vinho (ah, perdão, das caipirinhas!!!!)

O lugar onde até os anjos têm sexo

Foto retirada do Guia da Semana (São Paulo)
Ontem senti-me em casa. Eu explico: fui ao Teatro. Mas não era um espaço de elite. Alternativo, sim. Uma réplica do Teatro Estúdio Zero, no Porto. Impressionante. Como é que a milhares de quilómetros de distância dois espaços de Teatro podem ter tanto em comum? O próprio ambiente era uma extensão. A única nuance é o facto do espaço Satyros, aqui em São Paulo, funcionar também como bar, mesmo ao lado da bilheteira. Entrámos à hora de início da peça (Afinal não são só os portugueses!!!) A entrada para a sala era numa espécie de cave, soturna. Escura. As cadeiras surreais. Cada uma diferente. Alternativa.
Á minha frente um rapaz salta para um balcão. Arrasta uma cadeira de plástico e coloca-a junto ao palco. A rapariga do lado dele senta-se no balcão paralelo à bancada. Outra no chão. Depois levanta-se. Não achou boa ideia.
Já nas escadas colocou-se uma cadeira. Não havia mais espaço. A sala encheu. Sentei-me na ponta de uma cadeira de madeira que me fez lembrar uma dos anos 60 pelo design (dura, desconfortável). O tecto estava pintado de negro. Com relevos de tinta. As pessoas entreolhavam-se. Eramos poucos. E também não dava para mais. Cerca de 70 pessoas.

Agora a peça: “O Anjo do Pavilhão Cinco” (Aimar Labaki). Rude. Mordaz - a tocar o hardcore e a realidade crua. Bem representada, embora uns actores se destacassem mais que outros. A crueza da peça vem do tema: Carandiru (mais uma vez. Talvez esteja na memória acesa da tradição brasileira e, por isso, seja difícil de esquecer). Retrata um lado do Brasil. O texto é baseado num conto (“Bárbara”) do médico Drauzio Varella. Por isso, o enredo passa-se nessa prisão. Num cenário degradado. E o amor (traição, carinho, sexo, transsexualidade) é o actor principal. E é então que a peça tem censura. É forte (o constrangimento do sexo poderia atrapalhar a repsentação dos actores e isso não aconteceu).
Em Carandiru “até os anjos têm sexo”, diz Bárbara (o transsexual representado por Ivam Cabral). E têm mesmo. Sem pudor. Sem malícia, barbaramente animais. Instintivos e rodeados de impulsos. É um pretexto para pararmos no tempo e estarmos sós, connosco próprios, a pensar em tudo. Rodeados de nada. A peça em causa é a primeira das duas versões para o teatro, inspiradas no de Varella. A próxima estreia em Agosto.

Ficha técnica: Direção e Cenografia: Emilio Di Biasi
Elenco: André Fusko, Ivam Cabral, Darson Ribeiro, Fábio Penna e Maria Gândara
Duração: 70 minutos
Censura: 16 anos

terça-feira, abril 11, 2006

Dois na Bossa nº3

Este álbum é de 1967. Foi uma das aquisições, a preço reduzidíssimo, na Fnac em São Paulo, na Avenida Paulista. Há outras aquisições em linha. Iremos divulgar. Fica aqui a letra da música "Manifesto", que integra este álbum:
A minha música não traz mensagem
E não faz chantagem ou guerra fria
E nem fala em ideologia
Eu vim apenas para lhes falar
De uma grande perda
Que eu não sei
Se é da direita ou da esquerda
E o que m'importa se a censura corta
Pois eu gosto dela se é vermelha
Ou se é verde e amarela
Ó camarada, companheiro, amigo
Ela foi embora
E, o pior, que foi contigo!
Para mim foi um grande golpe
Não sei se de Estado ou armado
Ou talvez de coração
Só sei dizer que a dor foi muito grande
E a minha vida inteira transformou-se
Numa enorme agitação
Já que assim termina o meu mandato
Pois eu fui cassado e deportado
Pra bem longe de você
Ó minha amada, quero lhe dizer
Que sem o seu amor
Eu posso até morrer - laialaiá
Ó minha amada, eu quero lhe dizer
Que sem o seu amor
Eu posso até morrer

Meteorologia

São Paulo é um caso específico para estudo. Por várias razões, é certo. Mas esta é especial: a meteorologia. Nesta cidade o cliché é dizer que Sampa chega a ter quatro estações num dia. Mas se não tiver as quatro, pelo menos duas são garantidas. (Não seria interessante registar isso num roteiro turístico? Vou sugerir) Por exemplo: de manhã, por vezes está um sol fabuloso que aconhega com um calor bom. Mas à hora de almoço pode arrefecer; e até chega a correr um ventinho. Depois, ao fim do dia, o casaco de malha é um óptimo amigo, porque está frio. E quem sabe, com sorte, não chove. Ainda assim, nesta cidade, a chuva gosta de presentear, frequentemente, o ar saturado que envolve a malha urbana. Chuva forte. Insistente. É aqui que conhecemos outro dos melhores amigos da vida por cá: o guarda-chuva. O que vale é que o calor das pessoas é uma condição certa. E a tempestade morre de velha. Será?
Guarujá, Estado de São Paulo, Brasil - Abril de 2006

Identidade(s) da cultura brasileira

De Tocantins ao Pará. De Pernambuco à Amazónia. Do Mato Grosso ao Nordeste. De Belém a Paraty. De Santa Catarina a Goiás. Há um Brasil de matrizes. É calor, terra, culturas híbridas. Identidades negras, mestiças, tribais. Identidades dispersas que se acalentam. Vidas cosmopolitas nas grandes cidades (e que destoam). Há olhares dispersos. Muito diferentes. Próximos do isolamento, na sombra de histórias remotas.

Há dialectos indígenas. Regionalismos. Pronúncias que se confundem. Cabelos Negros. E há artesanato. Tapeçaria, colares multicolores, arcos e flechas, penas de pássaros exóticos. Miçangas, sementes de açaí, de saboneteira e casca de coco. E há gastronomia. Caju, castanha-do-pará, tapioca e leite condensado. Bolo de banana; e de fubá. Suco de acerola, melancia, abacaxi, mamão, maracujá.

Brasil é som. Muitos sons. Tambores do Buieié, soar de berimbau, violão, vozes de choro. Samba, forró, sertanejo e bossa nova. Mais: chorinho, batuques e cantos. Mas há muito mais que se ouve: cantadores do Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Gritos estrindentes. Vento. Água. Cachoeiras. É terra dos índios Pankararu, de índios Kariri-Xocó, de Bumba-Meu-Boi. De cores. De capoeira, dança afro-quilombola, ritmo afro contemporâneo. E falta falar de energia. Da revolta do corpo. Da intensidade dos movimentos, dos gestos e das expressões. Os tambores soam. Os corpos reagem. As pernas vibram e os braços sacodem o ar. O corpo pintado ganha brilho. Os tambores variam. O físico é tribal. A emoção, humana. Solitária. Cultural.

E Brasil é, também, reaproveitamento. Economia solidária. Mulheres artesãs, que ganham sustento com a reciclagem de papel. Rasgam jornais. Enrolam as folhas. Envolvem-nas como vimes. Envernizam. Fazem malas. Cestos. Caixas.

Brasil é tudo isso e muito mais. E vi tanto e muito pouco, do todo impossível de conhecer. Vi pedaços tradicionais na mostra de cultura brasileira no Ibirapuera. Vi uma terra de mapas culturais. Sem trilhos. De raizes diferentes e caules dispersos. E sem dúvida que, por isso, a palavra cultura é demasido limitada para falar de Brasil. Presa e sem sentido para descrever as identidades que se cruzam, se mesclam e se libertam. E que, por vezes, se distanciam em contrastes marcantes. Mas que preenchem as características vividas de um povo Brasil.

Por Vanessa Rodrigues @
*Crónica publicada, exclusivamente, para a intranet das Energias do Brasil (São Paulo)

sexta-feira, abril 07, 2006

Missil numa favela do Rio

A situação no Rio de Janeiro está cada vez mais delicada (entenda-se complicada). Desde o último mês que os ânimos estão ao rubro com a invasão militar nas favelas. Tiroteios. Mortes. Negociações. Prisão. Força. Violência. E sofrimento! Mas hoje, confesso, que fiquei surpresa. Apreenderam um missil (????) na Cidade de Deus no Rio. Missil? A minha observação talvez seja ingénua, mas um missil? Estamos em guerra no meio de uma cidade? Sem dúvida, uma guerra civil. Um barril de pólvora.

Dia Nacional do Jornalista

Hoje comemora-se, no Brasil, o dia nacional do Jornalista.

"Nós felicitamos você, colega de profissão, por esta data, dedicada àquele cujo trabalho é informar e esclarecer as pessoas.
Acreditamos que a informação precisa, matéria prima e ferramenta desse ofício, é uma verdadeira fonte de luz e energia.
Parabéns!!!"
Por isso, a todos os meus colegas de profissão dedico este post - em directo de terras paulistanas.

Custo de Vida em Sampa

O custo de vida em São Paulo subiu 0,52%; avançou hoje o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Económicos (Dieese). O organismo calculou o Índice do Custo de Vida (ICV) de Março e concluiu que as despesas das famílias ficaram 0,40% acima da taxa de 0,12% apurada em Fevereiro. Segundo a Dieese, a inflação acumulada nos últimos 12 meses subiu para 3,83%.
A verdade é que a vida em São Paulo é cara. O nível de vida é elevado e os índices de pobreza são, igualmente, altos. Estes factos, alinham, assim com a desproporção das grandes cidades. E Sampa é uma cidade cada vez mais cara.

Vulgaridades

De ar esbugalhado, roupas decadentes, cheiro azedo e rosto enegrecido do ar saturado, ele passa, todos os dias, no meu caminho. (Pretensiosismo meu em o dizer. Ainda agora cheguei. Talvez seja eu quem passe no dele). As mãos parecem velhos trapos desfiados, com relevos cunhados por um tempo prematuro que passou antes de dever. Luas demasiado contempladas. Estrelas demasiado gastas pelo olhar, com o céu como tecto. Pequenas lâmpadas acesas que só se apagam com a cortina de luz que sobe, em passos lentos, com um olhar solar. Sempre que passa, pelos passeios imundos, de cor ferrugem e oleados pela sujidade, fala em voz alta, palavras fechadas. De desentendimento. Desabafos de um mundo próprio. Que ninguém inveja. Degradante. Triste. Revoltante, também. Mas estupidamente urbano e que fazem do dia-a-dia uma parvoíce de vergonha, mutilada pela vaidade. Quem passa tem medo. Receio de imundice. Ataque súbito, calejado de provocação. Não se sabe o que ele diz. Nem quem é. Mas apenas que passa ali, todos os dias de manhã, tal como qualquer um de nós, rumo ao trabalho. Rumo ao trajecto de um dia imposto. Talvez vergonha dele seja o sentimento. Misto de culpa e de nada.
Post publicado, anteontem, no meu outro blog www.divadeinsonia.blogspot.com

quinta-feira, abril 06, 2006

Retratos do Brasil

Mônica Zarattini/AE

“Aqui no Brasil tem duas profissões: prostituta e assaltante – e são garantidas!. Não tem jeito de fugir ao destino se você já nasce nesse meio.” O desabafo é do meu colega de trabalho, o Tarica, a propósito da rebelião numa prisão de menores, ocorrida ontem, no Complexo do Tatuapé, no Estado de São Paulo. O desabafo pode parecer radical, frio, descomedido. Não o é! Retrata cruamente a realidade brasileira. Há excepções. Porém, a imagem não está muito longe do que realça um Brasil, mergulhado em muita miséria (e criminalidade). As rebeliões nas prisões brasileiras – como já deve ser do conhecimento da maioria de todos – fazem parte do dia-a-dia. É um lugar comum. A superlotação desses espaços que, em muitos casos, albergam mais de 50% do limite exequível, aumentam a insegurança nas prisões. E a debandada, bem como castram qualquer hipótese de integração.

“Novo tumulto na Febem é controlado em meia hora”
Internos atearam fogo em colchões e móveis. É o segundo motim no complexo em menos de 24 horas. Houve cinco feridos: 3 funcionários e dois adolescentes".
(in Estadão, São Paulo, 6 de Abril de 2006)

quarta-feira, abril 05, 2006

"Mostra de cultura brasileira sacode a Bienal"



Evento vai contar com a participação de Chico César, Jorge Mautner e Lia de Itamaracá, entre outros

Autor: Vanessa Rodrigues

O pavilhão da Bienal vai se tornar, a partir desta quarta, o centro das identidades brasileiras: até domingo, acontece no local a 1ª mostra de cultura do brasil organizada pela Rede Brasil de Produtores Culturais Independentes, com a participação de músicos como Lia de Itamaracá, que se apresenta nesta quinta, às 21h, Jorge Mautner e Nelson Jacobina, que fazem show nesta sexta, às 21h, e Chico César, que fecha o encontro, no domingo, às 18h.

"Teia – Rede de Cultura do Brasil" é o nome do evento, que tem como objetivo reunir, de norte a sul do país, projetos das mais diversas áreas, bem como grupos de manifestações culturais. Todos os dias, das 9h às 22h, com entrada gratuita, o pavilhão vai ser animado por grupos de contadores de histórias, de hip-hop, de samba, de coco de umbigada e de maracatu, por cirandeiros, repentistas, indígenas e remanescentes quilombolas, entre outros representantes da cultura nacional.Entre palestras, concertos, exposições de fotografias e artes plásticas, o evento se estende também a apresentações de dança e teatro; oficinas, sessões de cinema e de audiovisual; eventos literários e encontros. O projeto contará, também, com uma estação de rádio e uma emissora de TV chamada Teia, ambas comunitárias, para a transmissão do evento.
A organização se inspirou no Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura, que conta atualmente com mais de 400 pontos nacionais, funcionando como centros de produção e difusão cultural de várias comunidades. A mostra conta com o apoio dos Ministérios da Cultura e do Trabalho, do Sesc-SP, do Sebrae, do Instituto Paulo Freire, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Museu Afro Brasil.



Serviço
O quê: “Mostra de Cultura do Brasil e Economia Solidária”
Onde: no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo
Quando: 05/04, às 19h. De 6 a 9/04, a partir das 10h
Quanto: grátis

Nota: notícia feita, exclusivamente, para o site das Energias do Brasil . E, claro, em Português do Brasil

Rodízio

Em Portugal, a palavra rodízio é sinónimo de carne, praticamente. Ou melhor, apela a uma mescla de carnes, servida em espeto. Mas no Brasil a palavra rodízio é sinónimo de outras coisas mais. De carne, também. Sem dúvida. De peixe, pois então! De frutas (ora lá está a diversidade da palavra a funcionar). E de carros! Carros? Pois. Eu explico: devido ao trânsito desenfreado - não esquecer que a cidade de São Paulo tem o mesmo número de habitantes que Portugal inteiro (já para não falar no Estado, que ascende a cerca de 19 mihões) - foi decretado, há alguns anos, que há dias específicos para determinados carros circularem. Depende da matrícula. Hoje, por exemplo, não podem circular no centro expandido, das 7h às 10h e das 17h às 20h, carros com placas de finais 5 e 6. Consequências da civilização!(????)

terça-feira, abril 04, 2006

A pedido de muitas famílias....

Na foto- da direita para a
esquerda (e já com a alteração dos novos nomes):
Rakéu, Van (parece que Vâni está fora
de moda) e Filipi Regis.
Pela primeira vez damos um ar da nossa graça, para sossegar os espíritos mais inquietos que nos perguntam, com regularidade, se nos estamos a alimentar; se a casa é boa; se tem espaço; condições de habitabilidade; e ainda se os inquilinos já são uma família. Sim! Uma espécie de irmãos rebeldes que dividem as tarefas (mas, claro temos de contratar uma "diarista" urgentemente!!!!).
Acedendo a esse pedido (com regularidade) cá coloco uma fotografia nossa, no apartamento, onde já estamos (quase) bem instalados. Até porque ainda falta a bandeira de Portugal na sala de jantar (quem sabe para disfarçar o jogo de cores -muito- contrastantes que envolvem a sala. Ainda falta a adega com vinhos das mais nobres colheitas (isto sim, faz falta!). Os alhos e as cebolas ainda não estão nas paredes da cozinha, mas com o tempo lá chegaremos. Só mais uns dias! E depois estamos a pensar comprar um rádio para ouvir o relato em alto e bom som, porque isto de ver na TV não tem piada nenhuma. Uma coisa é certa - e nesse capítulo os preocupados podem descansar: a "geladeira está cheia de chop à espera de poucos pretextos para as abrir. Os ensaios já começaram. A festa continua. E, evidente: esperamos uma visita de todos vós!
NOTA: Não se preocupem com o ar aparente cansaço. As limpezas da casa não perdoam!

segunda-feira, abril 03, 2006

Cinema I- A Máquina


O céu é um azul saturado. O ambiente, uma rede matizada de cores quentes. Os planos parecem viagens de carrossel, numa tarde infantil. E o passado está no futuro. E o futuro depende do passado. São rumos inquietos. Cenários encenados. Viagens no tempo. Nos caminhos indecisos, onde moram sonhos descontruídos, embebidos em realismo mágico. E críticas sociais. E metáforas. E amor. Talvez conquista e pureza. Com um misto ténue de contemporaneidade, urbanidade e sentimentos rurais. Simples. Plenos. Pequenos em si; e colossais na crença. Uma mescla de linguagens.
Esta é a “Máquina” de João Falcão (baseado no livro de Adriana Falcão); que depois do teatro passou às telas. Estreou a semana passada mas, na bagagem, leva já os prémios de melhor longa-metragem pelo Festival do Rio e também pelo FestCine Goiânia. As cores, os enquadramentos e, claro, a fotografia de Walter Carvalho merecem, entre outros pormenores, um destaque especial.


A Máquina (Brasil, 2005), 1h30. Drama. Direção de João Falcão. Roteiro de João Falcão e Adriana Falcão. Com Mariana Ximenes, Gustavo Falcão, Paulo Autran e Lázaro Ramos.