terça-feira, novembro 26, 2013

Jornalismo de Viagem

Esta quinta-feira, 10h, Aula Aberta à comunidade, na Univ. Lusófona, Porto, onde vou falar de Jornalismo e Viagem - "Na encruzilhada de novas escritas jornalísticas", a convite de Luis Miguel Loureiro. Quem estiver pela área é muito bem-vindo e tem livre trânsito no Auditório 1.2.Passem palavra, se puderem. Obrigada!

quinta-feira, novembro 21, 2013

Viagens em torno do Homem sem Perna, a Avaria, Itinerários Menos Sós

A melhor forma de viajar pela mente de Dulce Maria Cardoso (essa fronteira entre Angola e Portugal), Gonçalo M. Tavares (vítima do sedentarismo turístico) e Afonso Cruz (o escravo) é a solidão. Não o disseram, mas deram a entender: a possibilidade de chegar ao outro e redescobrirmos os nossos próprios limites. Os três escritores sentaram-se à mesa, por acaso, naquela que é a segunda ronda de conversas sobre viagens com escritores, integrada na sétima edição do programa Remade in Portugal, da Fundação EDP, no Porto. Gonçalo M. Tavares era suposto ter feito check in na primeira ronda – com Teolinda Gersão e Álvaro Domingues –, mas avarias acontecem, e juntou-se, desta vez, a Cruz e Cardoso, numa conversa mediada por Marta Bernardes. Viagem pelos trilhos individuais, um trio improvável, com coordenadas tão díspares, que diz coisas como “não gosto de viajar porque me dá conta da minha mortalidade, e a rotina anestesia-nos numa espécie de imortalidade” (D.M.Cardoso), “o confronto da mortalidade é uma forma de valorizarmos a vida” (Afonso Cruz) e “o nómada é alguém que avança, mas é talvez o que menos viaja” (Gonçalo. M. Tavares). O autor de «Viagem à Índia» é, no entanto, um viajante sedentário. “Quando fico mais do que três ou quatro dias num lugar, ao segundo dia encontro o meu punctum da cidade, como diria o [Roland] Barthes, e sou capaz de ir lá todos os dias”. Para ele viajar é encontrar um sítio onde possa ficar quieto, a observar as pessoas. A ideia de ir para um sítio paradisíaco para escrever causa-lhe angústia, o princípio do pesadelo. “Às vezes até me mandam fotografias com neve e vacas; para mim seria impossível escrever nesses locais; sair e ver um boi. Sinto necessidade de multidão, pois há uma energia que se solta do cruzamento das pessoas, por isso sou fascinado pela cidade, porque é organizadora; espécie de zoológico selvagem que é controlado”. Talvez por essa razão haja um atlas humano tão íntimo. “Cada um de nós é um mundo, não há maneira de googlar” – diz a autora de «O Retorno» – e é por isso que esta voragem de apequenar o mundo tem a ver com os nossos medos, que é o desconhecido”. Fala depois de felicidade (“O melhor acontece quando estamos distraídos”) e de percepção do outro: do que a perturbou numa residência literária em Berlim. “Só me apercebi de que o meu vizinho, que via todos os dias a passar por mim, não tinha uma perna, quando a diretora da residência me disse. Foi a prova de que não posso confiar no meu critério, na dificuldade de chegar ao outro, porque só vemos aquilo que queremos e estamos treinados para ver.” O que parece certo é que nos séculos passados, como descreveu o autor de «Jesus Cristo Bebia Cerveja» – e que considera que “viajar é olhar para nós”-, os homens que viajavam tinham tempo para ver tudo. Viajar era um “trabalho”, uma espécie de calvário, de penúria, porque demorava, porque a viagem era precisamente escarafunchar o processo, mais do que o fim em si mesmo. Chegar era o fim da viagem. Das coincidências etimológicas, ou não, dirá Cruz a certa altura: o termo da viagem em inglês travel deriva de “travail”. Viajar era uma forma de perder tempo. Uma avaria constante? Explicamos: é que para Gonçalo M. Tavares é “evidente” que as avarias [tecnológicas] permitem que as pessoas tenham mais tempo: quando há uma greve de comboio, não se cumpre o plano de viagem, a pessoa fica com algo extra vida, um hiato. “Cada um deveria ter direito à sua avaria diária”, constata. ” Então: uma forma de reinventarmos a solidão, de “humanizarmos” o tempo que nos é dado, de vermos o homem sem perna.

segunda-feira, novembro 11, 2013

Chegar aos 42 km| Reaching the 42 km

Esta curta-metragem foi feita pelo António Morais (direção de fotografia e edição) e Gonçalo Esteves (ideia original e texto), com a voz do ator Ivo Canelas. É um vídeo sobre motivação, a vida como inspiração, entre lameiros, montanhas e cavernas no Parque Natural do Montesinho e Sanabria.


terça-feira, novembro 05, 2013

Workshop de Crónicas e Reportagens de Viagem

Últimos dias para inscrições no Workshop de Crónicas e Reportagens de Viagens. O que é escrever sobre viagens? Como se deve organizar a informação? Qual a melhor forma de tomar notas? Como escrever e editar essa informação? E por que razão uma imagem é mais adequada do que outra para ser publicada? Em que plataformas posso publicar o meu trabalho para ser lido e partilhado? Estas e outras coordenadas a partir do dia 8 de Novembro na Escrever Escrever.
Sobre mim:
Colaboro com a TSF, Notícias Magazine, revista Evasões, Fugas, Soltrópico e produtoras de audiovisual. Assino o blog latitudesnomadas.wordpress.com onde publico parte dos trabalhos de jornalismo de viagens. O mais recente foi o programa semanal de rádio sobre Marrocos para a rádio TSF.

Assino o blog babelborders.tumblr.com, criado a propósito dos três meses e meio que vivi na Jordânia (2013) em pesquisa para escrever o guião de um documentário sobre um campo de refugiados palestinianos.

O ano passado viajei de Guimarães a Maribor, na Eslovénia, de autocaravana, acompanhado um grupo de artistas portugueses e macaenses no projeto Spera Mundi. A viagem foi registada em vídeo e texto em speramundi.blogs.sapo.pt

Em 2009 cirandei 4 meses pela Amazónia brasileira, viajando com o exército brasileiro, dormindo em rede na selva, com cheiro a breu branco e copaíba, galgando rios pelas comunidades ribeirinhas e indígenas do Pará às Anavilhanas. Publiquei no Diário de Notícias e o resultado está em www.sinaisdagente.com