domingo, agosto 15, 2010

Chegamos aos 40 e achamos que já sabemos tudo da vida. Não queremos ouvir as histórias dos outros porque já achamos que todas vão dar ao mesmo. Começam com a e acabam em z. Um alfabeto de vida tão simples quanto isso. Como se tudo fosse tão linear assim. Sabemos. 

Chegamos aos 40 e somos donos das palavras e dos conselhos caros. Serão sempre caros, porque esse ar galante com que os dizemos torna-nos uma espécie de psicologia de botequim, mas com cadeiras forradas a pele. E um botequim com cadeiras forradas a pele exige uma certa elevação a categoria superior. 

É. Chegamos aos 40 cheios de certezas, infladas, que a vida se resume a uma fórmula homogénea: sabemos-lhes as cenas, os episódios e até mesmo que o material em bruto sofreu cortes significativos. Sabemos sempre, até, quais foram essas edições propositadas. Chegamos aos 40 e temos receitas para as relações dos outros, e achamos que ingenuidade é tudo aquilo que não é igual às nossas fórmulas. Sabemos e achamos que temos de catalogar indelevelmenre a psicologia alheia. 

-"Tens 30, com mentalidade de 30. Tenho uma amiga com 33 com sabedoria de 80." 

É chegamos aos 40 e tornamo-nos ainda mais chatos, pois na verdade não sabemos realmente nada da vida. Estaremos sempre longe de o saber.

Aviso: resolvi parar nos 29. Tudo o que vier daqui em diante, será lucro de tempo que passará, sem passar.  

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