terça-feira, junho 03, 2008

"Fôlego" em terra vermelha


Há homens nus no lago, por baixo. Troncos arrancados. Águas sulfurosas. Líquidos de ferro. Há líquenes vermelhos. Ar puro. Pássaros. Formigas gigantes. Rios com folhas. Patos que comem lagartos. Patos que beijam o bico. Patas achatadas. Amarelo vazio. Pios solitários. Sombras que tremem. Suor da terra. A água transpira, onde nascem flores. Corpo quente. Pele macia depois da água. Olhos vendados, de novo. Tropeça. Vira à direita. Noventa graus. Vira o corpo. Um pouco mais o pé. Mais à frente. “O que aconteceu aqui?”. Pedra falhada. Ou folha de pedra. Declive. Arfar. Formigas gigantes. Minhocas que se esfregam na roupa. Talvez a secar. Ou o corpo molhado. A pele é roupa. Roupa é pele. Água reflectida na árvore. Em luz. Pios ainda saltitando no murinho. Curva sinuosa. Sinuosos são os galhos de cor mineral. Como se traduz mineral? O reflexo já se foi. Era íris, como o arco.. Vermelho. Flor. Surdos . A mão segura o rosto. Não pias... Olhas o pensamento.. Marias-sem-vergonha! Bancos brancos no verde lago. Não se vêem nunca. Cimentados na terra... Cabelo caído no braço. Asas livres. Rosa menina. Pingas de cor. Sons: água corrente, um pássaro; vários; bater de asas frenético; "quá" atribulado; sertanejo; rádio; passos de sandálias; de tacão; de botas; passos tropeçados; folhas; galhos a sacudir; brisa leve; voz grave; mulher; Tarzan imitado; formigas atarefadas; água raspa nas folhas; círculos na água, espiral líquida; a luz não tem muros; céu é água ; o chão são montanhas para formigas atarefadas ; sem nome! “Porque as penas deles não deixa a água penetrar, você sabia?” Só de homens por baixo do lago. Sem penas!

1 comentário:

Joana Vieira disse...

gostei do post, está muito bonito.
beijinho!