domingo, setembro 29, 2013

Vora-cidade

Que voracidade é esta que alcança? Como cansa, pés no chão, arrastados, que se empurram, e o corpo vai, segue apressado, é levado, dissipado, como se dissolve na massa de gente - e os cheiros, tão plenos, tão humanos, escatologicamente humanos; vão de metro, fechar os olhos é ver com o tato, seguir o olfacto; e a porta fecha, a gente vai, a gente segue, a gente, a massa que é gente, multidão apática, e o telefone toca, não alcanço, como cansa estar com gente, ser gente, mãos no ar, agarradas, seguradas, tateadas, e os olhos daquele homem, eu desvio, empurro a indiferença, esquecera-me que aqui se olha mais, que a cidade nos come, engole, regurgita; que a cidade vorazmente suga, sôfrega, veloz, tão rápida que nos perdemos na lentidão de nós. Onde íamos?

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