terça-feira, agosto 01, 2006

"Samurai do Entardecer"

Cores saturadas. Cores ténues, revividas. Escorreitas de laços de intimidade. Pausas rudes. E o silêncio. O movimento da câmara que se sobrepõe ao ambiente intimista da escuridão. O olhar sensível; ingénuo até, em cadência lenta. Desmazelo vivido. Indiferença. Silêncio calado pelo hiato do tempo sofrido; e das levezas sentidas, assim apagadas. Desprovidas de sorte, mas íntegras na autenticidade das palavras. Dos momentos. E da intensidade da solidez dos gestos.

Depois a cultura. O contexto sensível. A história. Fome! A linhagem: o clã. A linha extirpada que flui. A tradição abalada. A honra. A desonra. A fortaleza invisível dos pensamentos ilustres (e aniquilados?).
"O Samurai do Entardecer" (Tasogarei Sebei), sob direcção e argumento de Yoji Yamada, não é só um filme sobre a fragmentação da cultura dos Samurais. Ou das quezílias do ciúme e do poder. Estende-se à intensidade das relações, realçada pela estética fotográfica de Mutsuo Naganuma. E talvez se aproprie da luz para fazer um elogio à veemência das sensações espontâneas e únicas como o registo fotográfico. O intenso momento particular. A certeza da passagem do tempo. Das palavras desditas. Do plácido costume da guerra. Da natureza viril. Da filosofia de Confúcio (e dos Homens).
Indicado ao Oscar de 2004 para melhor filme; e selecionado para a competição oficial do Festival de Berlim de 2003, esta longa-metragem foi também vencedora de 13 Prêmios da Academia de Cinema do Japão - o galardão mais importante do país.
Título Original: Tasogare SeibeiEstúdio: Shochiku, Nippon Television Network, Sumitomo Corporation, Hakuhodo, Nippon Shuppan Hanbai, Eisei Gekijo
Direção e Roteiro: Yoji Yamada
Baseado na História de: Shuhei Fujisawa
Co-Roteirista: Yoshitaka Asama
Produção: Shigehiro Nakagawa, Hiroshi Fukazawa, Ichiro Yamamoto
Fotografia: Mutsuo Naganuma
Direção de Arte: Mitsuo Degawa Música: Isao Tomita
Edição: Iwao Ishii Som: Kazumi Kishida
Figurino: Kazuko Kurosawa
Elenco: Hiroyuki Sanada, Rie Miyazawa, Min Tanaka, Nenji Kobayashi, Ren Osugi, Mitsuru Fukikoshi, Keiko Kishi, Tetsuro TanbaCor,
129 minutos, 35mm

3 comentários:

João…zinho!! disse...

Fiquei curioso! Sobretudo porque referiste Confúcio, e este era Chines, e os Samurais (Japoneses) seguiam o Bushido! Vou ver se esclareco isso quando vir o filme...

Unknown disse...

"Bushido" é um código de honra- o caminho do guerreiro; e os ensinamentos dos Samurais alinhavam em Zen e Confúcio.

"Baseado nos ensinamentos de Zen [Budismo] e Confúcio, o código de honra ao qual os Samurais estão ligados, defende os princípios da coragem, honestidade, cortesia, honra, compaixão, lealdade e completa sinceridade".

http://www.c7nema.net/site/html/modules.php?name=Sections&op=viewarticle&artid=8347

Anónimo disse...

best regards, nice info »