sexta-feira, fevereiro 22, 2013

diário das coisas da vida



A imortalidade é algo que nos passa pela cabeça, sobretudo, quando somos muito novos, quando o tempo parece infinito, quando parece que sobram ponteiros de horas a passar sobre nós. Temos tempo para desejar que as férias grandes cheguem, temos tempo para o computador, as brincadeiras de rua, para contemplar as borbulhas a crescer, os mamilos a ganharem forma; a anca a arredondar, a bunda tornear. Temos tempo para escrever bilhetinhos nas aulas, dar risinhos bobos e gozar com os "setôres". Temos ainda tempo de passar pela idade parva.

Temos tempo para perceber que algo estranho começa a acontecer no corpo. Que este formigueiro, esta fome de corpo é o desejo que começa a acender uma chama eruptiva. Temos tempo para discordar dos pais, tempo para ver televisão, para aprender a amar, para preparar o primeiro beijo. Não nos passa nunca pela cabeça que nunca possamos não ter tempo. E, mesmo sabendo, que a vida é apenas uma breve passagem, haveremos, achamos, de ter sempre, sempre, um tempo infinito como se fôssemos imortais.

Depois, como agora, apercebemo-nos que o mais importante, pois, é não perdermos tempo. Não queremos ouvir determinadas conversas, aturar gente chata e vampírica, conversas fúteis. Aprendemos que importa não deixarmos que os outros nos tirem a energia vital, os sorrisos, o optimismo, a força, a vontade de viver; que não nos roubem o que de mais precioso temos: essa grandeza física tão primordial e valiosa.
 
Tão breve quanto aprendermos o mais importante no curso das nossas vidas para vivermos, dia-a-dia, conforme a natureza de nós, pertinho do que somos, dessa essência primordial que éramos quando tínhamos tempo, melhor. Líricos, sonhadores, aventureiros, com paixão de vida e mundo. Essa visão sem vícios e constrangimentos pode e deve ser, apercebo-me, o guia essencial para nunca perdermos tempo, na medida em que nos relembra o que somos. Apercebo-me, então, de coisas tão basilares e importantes como:

1. Dizermos às pessoas da nossa vida que elas são as pessoas mais importantes; que amamos, gostamos, que vemos além delas a generosidade, que acreditamos nelas, que as respeitamos;

2. Não perdemos mais tempo com projetos dos outros do que passamos com os nossos próprios projetos;

3. Nunca fazer o trabalho dos outros: no final eles sempre brilham e nunca vão admitir que não foram eles a fazer o trabalho;

4. Não deixarmos nenhum nó na garganta, nada por dizer, com frontalidade, mesmo que isso doa mutuamente e, às vezes, mais a nós. Mas o peso de não se dizer multiplica-se no futuro e deixa despojos pesados;

5. Não deixar de desejar e fazer algo, mesmo que alguém nos diga que é impossível. Essa impossibilidade tentada torna-nos mais próximos da concretização;

6. A vida é demasiado curta para não ser apreciada e passada com lamúrias e discursos auto-comiserativos;

7. Ficar longe das pessoas que não nos fazem bem é a melhor opção; 

8. Ficar perto das pessoas que nos amam como somos e das pessoas que nos inspiram é o melhor elixir para a felicidade;

9. Um cafuné, um colo, um beijo ou um abraço sentido das pessoas que nos amam é dos melhores calmantes para os problemas;

10. Estar mais tempo, semanalmente, com a família, ouvindo memórias, e amigos é crucial;

11. Ter tempo para cuidar de nós, do que gostamos de fazer é primordial;

12. O trabalho não vai cuidar de ti quando estiveres doente, mas a família e os amigos sim;

13. Não comprar coisas de que não precisamos;

14. Chorar com alguém é mais reconfortante do que chorar sozinho;

15. Ter vergonha é uma perda de tempo;

16. Não nos compararmos a ninguém. Os caminhos só fazem sentido se diferentes e não fazemos ideia do que como será a viagem. Muitas vezes uma ruptura ou infelicidade é a espoleta para algo muito melhor;

17. Aceitar o que não podemos mudar e investir energia no que podemos mudar;

18. Não podemos mudar o mundo, mas pequenas acções de generosidade e mudança de atitude têm efeito borboleta;

19. Fazer as pazes com o passado para que não comprometa o futuro;

20. Fúria, raiva, inveja e irascibilidades envelhecem e fazem mal à saúde;

21. Preservar a natureza;

22. Trabalhos manuais têm um efeito equilibrante incrível em nós;

23. Tudo pode mudar de repente, nada é permanente, por isso é preciso ter paciência, preservar, sem desespero, para nos concentrarmos nas soluções e não nos problemas;

24. Praticar desporto e meditação são dois melhores amigos do nosso corpo e mente;

25. Livrarmo-nos de tudo que é inútil na nossa vida;

26. O que realmente não nos mata, torna-nos, sem dúvida, mais fortes;

27. Quando as coisas parecem sem solução e os momentos são difíceis, aceitar o momento mas fortalecer-nos ainda mais, com coisas que gostamos de fazer, perto das pessoas que nos amam, instruirmo-nos, conhecer. No final estaremos mais fortes;

28. No que toca em ir atrás do que amamos na vida, não aceitar não como resposta;

29. Todos os dias são especiais: usar aquele perfume que gostamos, a roupa favorita, os lençóis, o prato favorito, aquele vinho...

30. O mais importante órgão sexual é o cérebro;

31. Ninguém é responsável pela nossa felicidade a não ser nós próprios;

32. Parar e refletir: o que designamos por mau neste momento vai ter alguma importância daqui a 5 anos?

33. Perdoar é importante;

34. O que as outras pessoas pensam sobre mim não me diz respeito;

35. Por mais que uma situação seja boa ou má ela é impermanente. Tudo muda. 

36. Fazer o melhor da vida aqui e agora;

37. Fazer uma lista diária de tarefas e prioridades;

38. Sair um pouco todos os dias. A vida é um acontecimento e algo pode sempre mudar.

39. A inveja é uma perda de tempo: aceitar o que temos, não o que achamos que precisamos. 

40. Gritar numa praia deserta, numa montanha, num vale tem efeitos sedativos;

41. Estar perto da natureza todos os dias é estar perto de nós próprios.

42. Nunca prescindir dos nosso direitos;


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