sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Ejaculação (cerebral) precoce; sim, Filosofia da mente

Tenho pensado, talvez, demasiado nisto, convicta de que ganhei anos de vida, aos 31, mas concomitantemente um peso de raciocínio que me coloca perante um muro etário para o qual não estou preparada. Ou melhor, estou perante o desafio de saber que o tempo não existe e que nós, sim, inquilinos deste corpo é que somos movimento, seres com amnésia colectiva a tentar ser grandes e de ego partilhado, quando, na verdade, nada disto importa, porque impermanente, e nada disto realmente faz a diferença, a não ser que estejamos, de facto, a construir alguma coisa que possamos deixar como legado e ensinamento para os que hão-de vir. 

Em rigor não estou a descobrir nada de novo, e nem todos os que aqui caírem saberão desfazer a teia lógica deste raciocínio, porque é preciso vivência, embora, sinto, haja algo de lucidez pessoal nesta transparência da razão que a idade dá, aos que, em certa medida, esmiuçam o processo de vida em busca de respostas: enquanto não descobrirmos uma forma de transmitirmos conhecimento aos que aí vêm, o mundo e a natureza da mente percorrerão sempre este desgaste, este início e fim, onde a memória e a lucidez que alcançamos com a vida, se vai connosco para a viagem derradeira, para onde quer que seja esse universo paralelo, incorpóreo, que os cientistas tentam desvelar, em camadas de vidas. 

É na incapacidade de transmitirmos, vida após vida, que é sempre alheia, porque a nossa vivência é pessoal e intransmissível, que reside o falhanço da Humanidade. Haverá, certamente, aqueles iluminados, que conscientes da importância da natureza da mente, de si, como missão primordial do aqui e agora, em oportunidade única, interiorizam a lucidez essencial desta passagem. Será, pois, uma minoria. É por isso que tudo isto faz sentido para mim: ler os Clássicos, os Gregos, a Filosofia e os grandes pensadores, torna-nos mais próximos de nós e daquilo que somos, para um dia, quem sabe, sermos capazes de transmitir a meio e no fim o que nos resta de lucidez e o sentido da vida.

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