Desconheço, mas deve haver alguma teoria segundo a qual mesmo a mais obnóxia das contradições há-de ter alguma lógica se lhe encontrarmos a alinhada retórica, que segundo vários argumentos nos poderá fundamentar a aparente falta de nexo das coisas. Neste caso, haverá, de certeza, alguma conspiração literária que me leva de um livro ao outro, logicamente. Não vou fazer essa análise minuciosa agora, mas, se a fizesse, encontraria uma razão nesse encadeamento de livros, que me faz ler um e não outro, rejeitar aquele e não aqueloutro.
Depois de ler “Dama de Espadas” ("Crónica dos loucos amantes") de Mário Zambujal, um livro magnético, promíscuo e de rápida degustação (o autor da crónica dos bons malandros é mestre a brincar com as palavras, com os recursos de estilo, e com a técnica de viciar o leitor a querer mais, num discorrer quase cinematográfico, como se aquilo ainda estivesse a acontecer em tempo real), embora sem profundidade alguma, fui parar os olhos n' “A morte de Ivan Ilicth” de Tólstoi. Nada de aparentemente especial, não fosse eu perceber que Zambujal foi “roubar” o nome do livro (Пиковая дама: Pikovaya Dama) a um outro russo, Aleksandr Púchkin, e que inspirou uma Ópera em três actos de outro Ilitch, o Tchaikovsky, com libreto do irmão Modest.
É apenas um exemplo, mas parece que, por aqui, eu vou-me: todos os caminhos vão dar à Rússia. Talvez seja altura de voltar aos Clássicos e, quem sabe, um sinal para entrar na minha fase Lolita.
Sem comentários:
Enviar um comentário