É tema que rende hoje, este, o do futebol. E para quem não gosta de futebol, dedicar já o terceiro memorando deste blogue ao tema, é já doença, vício, ou excepção a ser considerada na Patologia. Mas isto tem uma explicação. Tem a ver com sofrimento. Vamos lá!
É que ontem também eu sofri, sem querer, a taquicardia do derby FCP-SLB. Inevitável. Suei, porque as mãos suavam, pulei, porque teimavas em mexer com as pernas de um lado para o outro, inquieto, padecendo de nervos frios, enregelados; e intermitente nas sibiliantes que saiam da boca, involuntárias, como catárses espontâneas (eu não percebia muito bem, mas achei que era auto-explicativo), na impossibilidade de te vingares dos jogadores, ou de atrapalhares a competência da equipa adversária.
Tentei, por isso, abstrair-me de todo esse frenesim que já merecia um Xanax (juro que cheguei a temer pelo bom estado do sofá do café e pela placidez da pequena mesa, onde ainda descansava a chávena vazia do café, o pires, e a colher, pelos teus movimentos frenéticos e engraçados). Olhei, várias vezes, de esguelha para perceber se alguém notava um homem num estado alterado, estendido à televisão, e absorto ao mundo.
Naquele momento, o cérebro era todo TV, e sofrias com tudo no corpo que há para sofrer. Sou testemunha. Eu, confidencio, sofria com aquilo, como se também aquilo fosse parte de mim, mas não por dedicação real, mas porque se começava a tornar engraçado aquele acto de solidariedade que o futebol pode ser. Agora apercebo-me, não era agitação, nem sofrimento em directo - sim, havia uma certa solidariedade, como um apoio lateral, fiel - mas fome: eu só pensava na fome que me chutava o estômago e no pão com marmelada quando chegasse a casa!
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