Respondo a A. e ocorre-me isto: "mereces um beijo do tamanho de ti". Há gente que merece beijos do tamanho do que elas são, gente genuína, com tanta leveza, com abraços ternos, lentos e amorosos. Ocorre-me tudo isto e pensar que tenho saudades de beijos e abraços lentos, sinceros, demorados, genuínos, do tamanho de mim. Escrevo-lhe e penso que há gente que merece, pois, beijos e abraços do tamanho do que elas são, amigos gigantes, intemporais, incondicionalmente presente, cúmplices.
Há, pois, na ausência do afecto do tamanho de nós o inevitável exercício à Clarice Lispector ("porque há o direito ao grito, então eu grito") com mescla de Caio F. e Drummond (os nossos meios silêncios).
Há, no entanto, gente que não merece, realmente, nem sequer beijos, nem abraços lentos, nem sequer um segundo da nossa atenção e andamos aqui a tentar perceber por que razão ainda nos preocupamos e dedicamos ao exercício genuíno da ternura, a quem não dá a mínima. Será sempre um desperdício de afecto.
Obrigada, A. pelo beijo de hoje do tamanho de mim.
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