São já uma espécie rara, em vias de extinção, e levam-me para a minha doce infância. Um caso de estudo - sugiro - da etnografia das profissões.
Quando o realejo típico soava ao fim da rua, já se punha as facas, as tesouras, as panelas e os guarda-chuvas em marcha no caixote da avó para os pôr à arranjar.
Quando o realejo típico soava ao fim da rua, já se punha as facas, as tesouras, as panelas e os guarda-chuvas em marcha no caixote da avó para os pôr à arranjar.
-Ó senhor, quanto tempo?
- Amanhã senhora; os guarda-chuvas. Amanhã, senhora à mesma hora.
E a minha avó ia-se contente. Satisfeita.
Hoje, somos mais descartáveis nas utensílios da casa, mas há itinerantes amoladores de rua que resistem, rolando a roda por ruas de interior e zonas residenciais sossegadas, como hoje de manhãzinha cedo, à porta de casa, da minha janela veio o som. Agarram-se memórias, no soar doce.
Tive vontade de ter facas, panelas, tesouras e guarda-chuvas para arranjar, para que voltasse, amanhã, de novo, de manhãzinha, mas foi tudo tão rápido que só tive tempo de ligar o gravador, e a câmara para que não o esquecesse. Fica aqui o som do dia! A ver se a gente se entende com um som por dia, a partir de agora...
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