Gostamos de ser persuadidos e, às vezes, nem damos conta do tamanho dos nossos invisíveis cordéis e oleados engonços que, apanhados nas mãos erradas, nos fazem articular os actos como cordeiros amansados. Sobretudo se nos disserem aquilo que precisamos de ouvir, como se nos pegassem ao colo.
Nunca, até agora, na História do Brasil houve um presidente que no final do (segundo) mandato gozasse de tanta popularidade como o Lula, não obstante o lixo escatológico que se esconde por baixo do tapete dos actos políticos ("Eu não sabia), que os homens de assepsia política (profissionais na arte da dissimulação) mantêm novo.
É. Nós, seres amansados, que só queremos viver com o mínimo de preocupações possíveis, porque já as temos de sobra - e tudo o que não diga directamente respeito à nossa vida parece-nos uma perda de tempo - queremos um certo status quo quando as coisas parecem até nem correr mal. E com Lula, apesar de tudo, alguma coisa no Brasil mudou.
A estabilidade política deve-a ele, essencialmente, ao tapete que o Fernando Henrique Cardoso deixou; e para o social resgatou as bases dos assistencialismo popular para atenuar um Brasil fustigado pela fome e analfabeto. Ainda é tudo muito insuficiente. Mas há aqui uma evidente mudança.
Talvez, também por isso, este novo Brasil esteja tão "agradecido" ao Lula "Paz e Amor." Talvez por isso, a maioria dos brasileiros com quem tenho conversado não saiba, ainda, em quem votar. E todos os candidatos, depois de Lula, lhes pareçam demasiado apagados para fazer alguma diferença, ainda que o mais importante até possa ser a perenidade da actual estrutura e não a diferença. Talvez, por isso, se Lula se candidatasse, e conforme indicam as últimas sondagens, seria certo que seria "Lula de novo com a força do Povo". E só isto é, claramente, um crónico sinal de diferença.
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