sexta-feira, março 12, 2010

“O dia em que Lelê não quis mais sê-lo (mas o mundo já não a reconhecia por outra coisa)


 "sei que as intenções são boas e pra lá de carinhosas, entendo que as pessoas têm preguiça de falar três sílabas, compreendo a fofura dos diminutivos, dou ok para os já viciados e juro que rezo toda noite pra droga não se espalhar mais por aí! DIABOS, MEU NOME NÃO É LELÊ!!!!!"


Era seguramente um manifesto. Ela escrevera-o, assim, em rede social só para amigos e alguns conhecidos. A coisa começou com um, dois comentários, veio o terceiro, o quarto, o quinto, o sexto e por aí foi, até ao vigésimo. 

O essencial é que todos já diziam mais ou menos a mesma coisa: “Lelê amada”, que Lelê era “lindo”, que “Lelê era ela e mais nenhuma”, que “Lelê era Lelê” e o resto não importa,chamaram-na de “helénica”; "he-he-he"; “bunda lelê”. Em tudo me pareceu coisa boa. E Lelê, ou Helena, ou Hela nunca mais se pronunciou sobre o assunto. Ela era (h)ela. Mas, Cadê Lelê? 

Ou talvez estivesse numa das suas crises de carência, com os poros e os sentidos em hipersensibilidade potência máxima de exarcebação. Ela também gosta disso. E de mimo, muito mimo. A nossa Lelê ou Helena, é mimada e carinhosa. Ela não é minha, mas vejo-o sempre como um pouco mais minha por já ter dormido em casa dela e partilhado as paredes que lhe ouvem os lamentos. Tem voz rouca e vivida, embora os cigarros lhe roubem um pouco mais do tom que é seu. 

Lelê não se chegou a pronunciar, ainda. E a correnteza das reacções (contestárias, apologistas, discordantes, conciliadores) foi fluindo. Ainda estão aí, ó, na rede, rodando. Por isso, o teor foi ficando um pouco mais machadiano, digno de uma crónica de costumes sobre os afectos. Eu reduzi ao essencial para que ela reflectisse, depois naquilo: a importância de ser Lelê: 

"Lelê e sua crise de identidade: o dia em que não quis mais sê-lo, mas que o mundo agora lhe negava não ser."
Lelê: Há vidas que se formam ao redor de nós, que podem parecer apenas pedaços de nós, e que são mais inteiros do que pensamos que fossem. Lelê para os amigos, Helena para uma vida inteira! ;) beijocas e saudades!

Ainda espero por Lelê, ou Helena!



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