Não sabia que a aguardente tinha bailarinas, mas o meu avô convenceu-me que sim. Deu-lhe corda e aquela boneca minúscula começou a rodopiar, de braços abertos dentro da água, ardente, enquanto uma chuva lenta, e liquefeita de pitadas douradas de uma purpurina qualquer lhe caía, docemente, sobre o pequenino corpo. Já tem mais de 50 anos, mas continua à prova do tempo, naquele plástico-boneca que há-de ter feito sonhar o meu avô, quando sozinho enfrentava a solidão, e a família longe, nessa Paris, a de França. Há-de também, através desta bailarina da água, de vestido vermelho-vinho, a querer ser bordeaux, ter sonhado com o Cabaret, com as rendas pretas das bailarinas.
Sim, há bailarinas na água, ouçam-na, como gira...na garrafa...
2 comentários:
Oi Van, que bonito! Fizeste-me lembrar uma caixa de musica que eu tinha com uma bailarina, que por acaso foi o meu avô que me deu. Que linda recordação avivaste na minha memória.
Beijo
É uma delícia não é? Adoro! E é linda esta garrafinha com a boneca. Pena que não tenho foto, ainda. Que bom que te trouxe boas memórias. É um lugar-conforto? Então, está tudo certo! Beijoca boa
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