Ontem senti-me em casa. Eu explico: fui ao Teatro. Mas não era um espaço de elite. Alternativo, sim. Uma réplica do Teatro Estúdio Zero, no Porto. Impressionante. Como é que a milhares de quilómetros de distância dois espaços de Teatro podem ter tanto em comum? O próprio ambiente era uma extensão. A única nuance é o facto do espaço Satyros, aqui em São Paulo, funcionar também como bar, mesmo ao lado da bilheteira. Entrámos à hora de início da peça (Afinal não são só os portugueses!!!) A entrada para a sala era numa espécie de cave, soturna. Escura. As cadeiras surreais. Cada uma diferente. Alternativa.
Á minha frente um rapaz salta para um balcão. Arrasta uma cadeira de plástico e coloca-a junto ao palco. A rapariga do lado dele senta-se no balcão paralelo à bancada. Outra no chão. Depois levanta-se. Não achou boa ideia.
Já nas escadas colocou-se uma cadeira. Não havia mais espaço. A sala encheu. Sentei-me na ponta de uma cadeira de madeira que me fez lembrar uma dos anos 60 pelo design (dura, desconfortável). O tecto estava pintado de negro. Com relevos de tinta. As pessoas entreolhavam-se. Eramos poucos. E também não dava para mais. Cerca de 70 pessoas.
Agora a peça: “O Anjo do Pavilhão Cinco” (Aimar Labaki). Rude. Mordaz - a tocar o hardcore e a realidade crua. Bem representada, embora uns actores se destacassem mais que outros. A crueza da peça vem do tema: Carandiru (mais uma vez. Talvez esteja na memória acesa da tradição brasileira e, por isso, seja difícil de esquecer). Retrata um lado do Brasil. O texto é baseado num conto (“Bárbara”) do médico Drauzio Varella. Por isso, o enredo passa-se nessa prisão. Num cenário degradado. E o amor (traição, carinho, sexo, transsexualidade) é o actor principal. E é então que a peça tem censura. É forte (o constrangimento do sexo poderia atrapalhar a repsentação dos actores e isso não aconteceu).
Em Carandiru “até os anjos têm sexo”, diz Bárbara (o transsexual representado por Ivam Cabral). E têm mesmo. Sem pudor. Sem malícia, barbaramente animais. Instintivos e rodeados de impulsos. É um pretexto para pararmos no tempo e estarmos sós, connosco próprios, a pensar em tudo. Rodeados de nada. A peça em causa é a primeira das duas versões para o teatro, inspiradas no de Varella. A próxima estreia em Agosto.
Ficha técnica: Direção e Cenografia: Emilio Di Biasi
Agora a peça: “O Anjo do Pavilhão Cinco” (Aimar Labaki). Rude. Mordaz - a tocar o hardcore e a realidade crua. Bem representada, embora uns actores se destacassem mais que outros. A crueza da peça vem do tema: Carandiru (mais uma vez. Talvez esteja na memória acesa da tradição brasileira e, por isso, seja difícil de esquecer). Retrata um lado do Brasil. O texto é baseado num conto (“Bárbara”) do médico Drauzio Varella. Por isso, o enredo passa-se nessa prisão. Num cenário degradado. E o amor (traição, carinho, sexo, transsexualidade) é o actor principal. E é então que a peça tem censura. É forte (o constrangimento do sexo poderia atrapalhar a repsentação dos actores e isso não aconteceu).
Em Carandiru “até os anjos têm sexo”, diz Bárbara (o transsexual representado por Ivam Cabral). E têm mesmo. Sem pudor. Sem malícia, barbaramente animais. Instintivos e rodeados de impulsos. É um pretexto para pararmos no tempo e estarmos sós, connosco próprios, a pensar em tudo. Rodeados de nada. A peça em causa é a primeira das duas versões para o teatro, inspiradas no de Varella. A próxima estreia em Agosto.
Ficha técnica: Direção e Cenografia: Emilio Di Biasi
Elenco: André Fusko, Ivam Cabral, Darson Ribeiro, Fábio Penna e Maria Gândara
Duração: 70 minutos
Censura: 16 anos
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