O
avô de Madlah está nos créditos finais de Lawrence of Arabia
(1962), um filme sobre a revolução árabe, pela liderança de um
inglês, e que David Lean adaptou para o cinema a partir do livro
“Seven
Pilars of Wisdom”
de
T.E. Lawrence. Lis vê esses mesmos pilares, a quebrar o horizonte,
orgulho de paisagem, enquanto está sentada numa tenda beduína no
Wadi Rum, o deserto jordano, onde Lean filmou esse sucesso de
bilheteiras.
Fora da tenda, 45 graus; dentro: tapetes multicores, chá de maramya (sálvia), e dois homens de túnica branca, lábios gretados e pele queimada pelo sol, à conversa com uma mulher, sem véu. É nestas alturas que a literatura corporiza e Lis reconhece esses personagens reais de um filme longínquo. A mesma lonjura, quiçá, que faz com que Madlah não façam ideia do que seja a Primavera Árabe, e nem ela, de fato, lhe faça muita diferença. É um homem do deserto e, sempre que vai à cidade, fica com saudades deste silêncio a vento.
Primeira lição, ensinam a Lis,
no Médio Oriente só há duas estações: Inverno e Verão. A
Primavera Árabe é, portanto, uma metáfora para o desabrochar de
uma mudança de alguma coisa que ainda não existe e ninguém sabe
muito bem para onde vai.
Todavia, da mesma forma, que L. das Arábias, o do livro e o do cinema, revolucionou um imaginário coletivo, Lis tem provas de que a Primavera Árabe tem sete novos pilares a edificar-se no conhecimento da nova geração oriental: 1) a polícia de inteligência anda mais permissiva; 2) o ateísmo está galopante; 3) a internet mostra a censura; 4) as vozes por direitos humanos mais ativa; 5) há mulheres nas ruas depois das 22h; 6) vozes críticas nas televisões árabes sem medo de represálias; 7) e muita Literatura a ser parida.
Quente, muito quente.
Palavras a 40 graus.
Um Verão literário!
Todavia, da mesma forma, que L. das Arábias, o do livro e o do cinema, revolucionou um imaginário coletivo, Lis tem provas de que a Primavera Árabe tem sete novos pilares a edificar-se no conhecimento da nova geração oriental: 1) a polícia de inteligência anda mais permissiva; 2) o ateísmo está galopante; 3) a internet mostra a censura; 4) as vozes por direitos humanos mais ativa; 5) há mulheres nas ruas depois das 22h; 6) vozes críticas nas televisões árabes sem medo de represálias; 7) e muita Literatura a ser parida.
Quente, muito quente.
Palavras a 40 graus.
Um Verão literário!
Crónica publicada por Vanessa Rodrigues a 5 de Julho no Semanário Grande Porto, na página Bairro dos Livros, iniciativa Culture Print| Coluna partilhada, semanalmente, entre Jorge Palinhos, Rui Manuel Amaral, Rui Lage
Sem comentários:
Enviar um comentário