Já escrevi, no passado, sobre a estranheza de ter uma homónima, no Porto, com amigos em comum e de como tudo isso começou. Hoje voltou a acontecer-me e entendo que há algo de muito kafkiano quando nos deparamos com alguém que assina com o mesmo nome do que nós. "Nome banal", penso eu! O caso pode dar azo a ser explorado pelos melhores psicanalistas de crise de identidade. Voilá, estou sentada do divã. Mas já lá vou. Um intermezzo se faz favor!
Quando Vanessa Rodrigues, portuguesa, fotógrafa, me encontrou no Facebook - ou eu a encontrei a ela, depois de termos trocado breves palavras, num ensaio de teatro social, no Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo-, o ano passado, nasceu um Ribeiro no meio do meu nome. Vanessa Ribeiro Rodrigues. Sim, essa foi a razão principal por que resolvi colocar o último nome do meu avô António a segurar-me o nome. Gostamos, pois, de ser únicos, exclusivos, privados, entidades deíficas, como se quiséssemos deixar marca imaculada dessa nossa identidade pessoal e instransmissível. A primeira vez que isso me aconteceu, portanto, fiquei com cara de animal de banda desenhada: fumo a sair das orelhas, e um balão por cima exprimindo uma "fúriazinha". Nada pessoal, mas tinha de tomar medidas urgentes. Fazer alguma coisa para que ninguém confundisse Vanessa comigo, ou eu com Vanessa.
Meses depois, vi outra Vanessa Rodrigues comentar uma frase de uma outra amiga em comum. Mais aliviada, respirei fundo porque o meu nome já era VRR. Não consegui, porém, deixar de esconder uma mágoa. Sabem uma criança a quem tiram um gelado; alguém que come a nossa última bolacha do pacote? Por aí! Tinha abdicado da identidade. Por dentro, continuava a ser Vanessa.
Porém, voltando à melodia kafkiana, hoje foi a vez de outra Vanessa Rodrigues, desta vez por minha causa, mudar seu nome no Facebook, pelo que entendi. Nasceu um C. no meio dela. Já estamos em contato e falamos das coincidências. Ela me disse, inclusive que, recentemente, fora selecionada para frequentar uma oficina literária. Mas que não comemorou porque achou que não era ela; que poderia ser eu. Felizmente tinha razões para comemorar.
Sem querer, talvez, desta vez fui eu quem tirou o doce da mão dela. E isso, porque Antônio Xerxenesky, na batuta do blogue da editora Cosac Naify, depois de Daniel Benevides, publicou meu texto sobre o livro de Vanessa Barbara, "O Livro Amarelo do Terminal", que vai ser reeditado. De imediato, Vanessa, a Barbara, foi identificada no FB ao lado de outra Vanessa, por Arthur, que faz anos no mesmo dia que eu, achando de que se tratava de Vanessa Rodrigues, sua amiga, que também contribui para o blogue da Cosac Naify. É uma bela de uma confusão, bem sei, uma overdose Vanessiana. Porém já está tudo resolvido, sem mortes, nem feridos. Mas agora tenho mais razões para ter dúvidas? Vanessa...sou eu?
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