domingo, julho 31, 2011

Mandim

Mandim podia ser uma estação do ano. E, se fosse, seria o melhor da Primavera. Se realmente fosse (e não há nada que garanta que não seja), seria ainda o lado ameno do Verão. E hoje ela pareceu-me feliz, apesar de silenciosa, meditativa, um tanto hibernada, com esse pouco de preguiça de Estio, daqueles de um corpo de fim de tarde num rescaldo pós-praia, e depois do banho. 

Mandim pareceu-me tudo isso, ainda que seja apenas uma estação de metro, a caminho do norte. Pareceu-me um lugar que a minha imaginação criaria, se não existisse. Talvez seja, por essa razão, que Mandim ficou-me ao ponto de certificar que seria um bom sítio para a minha mente lá ir sempre que quiser. 

É apenas um ponto de encontro de um transporte público no meio da mata norte: eucaliptos altaneiros, pinheiros em esplendor de veraneio, num bacanal natureba de invejar qualquer fotossíntese. Cheira a pinhas e resina, clorofila fresca, trespassada pelos raios dissipados que juro ter visto entre a neblina. E antes de ver isso, vi um largo de granito, desaproveitado, circular, com candeeiros estilosos e modernos, ao redor. 

E isto é apenas uma estação de metro, porque ao lado, uma casa rectangular com um éme azul-grande como assinatura insinuante o impõe, mas não o suficiente para ser impositiva no meio desta floresta. 

Os trilhos mal se vêem já, de tão verdes ao redor. 

É, Mandim, é apenas uma estação de metro silenciosa, mas nem por isso um repouso fantasmagórico que os lugares desabitados de vida humana podem ter. É uma estação em suspenso, com o termómetro equilibrado. Hei-de passar em Mandim no Inverno a ver se a Primavera existe, se esse Verão ameno lá mora. Mandim, hoje, foi muito bom nessa verdade. É como os nossos humores: têm estações do ano!  

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