quarta-feira, junho 22, 2011

Indi.grafias - Movimento 15M


Indigrafías. Los Indignados vistos por los Indignados from Ruido Photo on Vimeo.
É preciso não interromper o silêncio...

Hilda, o amor em overdose, vazio!

Maria Clara casada com Vinicius, que gosta de Hilda, que gosta de Chico, que não ama Hilda, que Pedro ama, que Hilda não ama, amada por Carlos, amada por Sérgio, amada por Paulo, amada por André. E a vida e a gente e o cesto básico dos afectos, por aí mal distribuído, é um desperdício de Amor... não é Drummond? 

...bem me parecia...




estamos entendidos sobre o infinito?

terça-feira, junho 21, 2011

"Fernando Pessoa anuncia fusão de heterônimos"

Deu no "Piauí Herald"...

Estava eu sossegada da vida, no meu desassossego, proseando por terras de croniquetas tropicais, pensando em Veríssimo, até mesmo evocando Gil Vicente e resgatando Pessoa, quando um simples e inocente clique, descomprometido, despersonalizado, mas deliberada e pertinentemente competente e intuitivo, me levou às últimas novidades da economia literária (se é que isso existe). Não quis acreditar, mas com a crise, seria de esperar que um dia, também o mestre da heteronímia se rendesse ao mercado capital (pena capital - ai se Cesariny desconfiasse!). A culpa é da tmese, lê-se, e eu já temia que isto acontecesse. A partir de então, as obras serão uma raridade (às estantes, hereges!!!), e quando pensarmos nas máquinas, as máquinas, pensaremos num Pessoa mais contido, abreviado, uma amálgama de coisas e eus e é desta que o homem tem um chilique...

"LISBOA – Em pronunciamento que pegou de surpresa o mercado editorial, o poeta e investidor Fernando Pessoa anunciou ontem a fusão dos seus heterônimos. Com o enxugamento, as marcas Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro passam a fazer parte da holding Fernando Pessoa S.A. “É uma reengenharia”, explicou o assessor e empresário Mario Sá Carneiro, acrescentando que “de uns tempos para cá ficou claro que era preciso fazer um streamlining na nossa operação se quiséssemos sobreviver num ambiente poético cada vez mais competitivo.” Pessoa confessou que a decisão foi tomada “de coração pesado”, mas o seu CFO não lhe deu alternativas. “Drummond sempre foi um só. A operação dele é enxutinha. Como competir?”, indagou. O poeta chegou a pensar em terceirizar os heterônimos através de um call-center em Goa, mas questões de gramática e semântica acabaram inviabilizando as negociações. “Eles não usam mesóclise”, explicou Pessoa."

5# som da semana: mais filosofia itinerante: estado vegetal do país e (loucas) vacas magras

A bancarrota está ao fundo, como tapete do som, os pepinos, os tomates e as vacas loucas são munição para começar conversas, quando para alguns também se começa o dia. Temas quentes da actualidade, dias antes de o Governo começar a aquecer as cadeiras do executivo, sob o signo de uma tríade, a que se chama troika. Na camioneta, a caminho do trabalho, do mercado, da manhã a meio, há outra tríade que se junta, doutorada em vida dura, para maldizer o estado vegetal a que se resumiu o país, em tempos, parece de vacas magras, quem sabe, um pouco mais loucas. 



#som da semana# filosofia itinerante: tomates, pepinos e vacas loucas, a troika na camioneta by vanessar

segunda-feira, junho 20, 2011

Hilda, filosofia itinerante



Hilda: 

- Alguma vez você se sentou num ônibus e pensou que consegue imaginar essas pessoas que te acompanham com 10, 12, 15 anos? Menos até? Já? Me acontece frequentemente, Van. Você olha os olhos de relance, e faz esse exercício de descaracterização: tira as rugas, o peso do olhar, o branco cabelo se houver, as manchas de sol, as olheiras das mal dormidas noites, preocupadas, angustiadas; de peito apertado! 

E, nesse instante, você se apercebe de que há sempre essas duas vidas: a que vivemos, e a que sonhamos. E o mais próximo que estamos do meio termo é quando a gente se desprende de quem tem sempre o dedo apontado para a geografia que traçamos. Você não acha?

Há sempre alguém a querer te anular. E você deixa. E quanto mais você deixa, mais difícil fica que alguém, um dia, te faça o mesmo exercício com competência para te ler, qual das vidas um dia você preferiu.

E já alguma vez, nesse interlúdio, itinerante mental, selvagemente cerebral, olhando a rua, a gente, o povo, a calçada, e o relógio da igreja, em que você está com você, nessa fauna urbana, meio de gente, amarrada e desprendida a gente que você não conhece e imagina com 10, 15, 20 anos - apesar de muitas deles se olharem no espelho e não se reconhecerem (voltamos ao inquilino que paga um preço muito alto pelo uso deste corpo), pensou que o ideal seria se pudesse registar o pensamento, tal qual acontece? 

Chegaria ao fim do dia, antes da cama, e, quem sabe, das olheiras que ganhari  na seguinte manhã,  depositá-lo numa caixa de memória. Plug in aos pensamentos do dia. Colocaria um tag ao que realmente interessa para fazer a triagem necessária: e depositaria o pensamento que importa nessa caixa. Como um filme. Tudo registrado. Tudo. Mesmo tudo. 

Penso em tudo isto, Van. Talvez para que não me esqueça de pensar alguma coisa importante que me esqueci de registrar. Sim, penso em tudo isto, enquanto penso para quê, para quê, Van? Se o que realmente importa, em qual das vidas for, é o que lembramos. O que esquecemos, ou queremos, por ora, esquecer, não importa, em nada acrescenta, e com sorte, há-de ser o início de coisa boa! Tô indo, Van. Não esquece!

A Cronica andou por missas de burro, por belíssimos olhares de Pimenta

Ode ao burro, dois zurros, e um rio nosso que nos une

1. a missa, ó hereges!
Antes que as velas ardam até ao fim, zurremos. Ainda temos tempo! Antes que a santa ignorância tome conta de nós, excomunguemos o arlequim que zoa do portuense povo e lhe lança veneno perfumado: conspirações, sub-réptícias imposições, propaganda silenciosa, cobra dízimo para motores engrenados a ver-o mar, por estes dias, e um ai engasgado dos nossos bolsos (é, no fundo, um ui carpideiro antecedido de érre; reprobatório) LER MAIS

TSF - O LADO B do Rio




O LADO B DO RIO - TSF (Vanessa Rodrigues/Som: JFelix Pereira) by vanessar

segunda-feira, junho 13, 2011

Fernando Pessoa. O primeiro português a entrar na casa da língua portuguesa

Porque há em mim um pedaço de ti; um velado e indomável desassossego, um estar e não estar desenraizado; de não ser do nada do que todos somos, de não ser do todo que preenchemos, do não ser a soma, mas a simples subtracção de uma certa inquietude;
porque há sempre em todos nós um narcisismo que sempre nos amarra, desata de ser,
porque há sempre uma hora morta onde nos detemos em chuvas oblíquas, dessas tuas iguais do descontentamento, escapando de nós;
da pátria que carregamos e não somos; da língua lógica;
da estreita mão que tinge em papel tristezas finas, porque aqui e agora quando visto à lupa atravessa-nos em picadas violentas, crónicas;
porque as reticências que imprimiste no branco, são receios evidentes dos ocultos pontos finais, antes das vírgulas, antes do traço pontiagudo preso no ponto de baixo: exclama!
Porque hoje farias 123 anos e ainda continuas cá; porque contigo aprendi a amar a prosa, através da poesia, nessa lenta e lenta a hora, lenta e sonolenta a lua se escoa...lenta, em seu ser!!!



© museu da língua portuguesa, divulgação


© museu da língua portuguesa, divulgação

quarta-feira, junho 08, 2011

isto é um gueto, ou sou eu que ando mal-humorada

O teatro do absurdo foi certamente criado a partir de uma certa teoria a que se chama circo mediático, com muitos histriões medíocres na mesma incubadora, sobretudo aqueles que não usam o nariz vermelho da justa máscara são, certamente, os piores da propaganda silenciosa. 

Teatro do absurdo é este palanque diário de jornalistas a afagar jornalistas. Não entenderei nunca, nem há lógica que o legitime (e há um código deontológico a cumprir, embora se feche os olhos, se amordace, e se faça ouvidos de mercador com precisa e eficiente competência) que jornalistas entrevistem jornalistas, sobre o exercício do jornalismo. É muita areia para a minha camioneta e os grãos além de turvarem a visão é um velado atestado de incompetência. Quando os jornalistas são elevados a vedetas e nós, torpes e anestesiados, o aceitamos de grado leve e jocoso (uma coisa é reconhecida competência e valor, outra coisa é one man show),  ou estamos muito amansados pela lavagem cerebral, ou andamos quietinhos a tentar sobreviver. Isto não é nada de novo, eu sei! E, se calhar, sou eu que ando mal-humorada. Isto passa!

segunda-feira, junho 06, 2011

Guerreiros de Selva; a Amazónia brasileira


A semana passada mais de 4 mil militares brasileiros andaram a simular uma guerra na selva amazónica. E para estes, treinados pelo rijo crivo da arte da guerra, um fio de lã pode ser uma questão de vida ou morte, um canivete pode ser tudo o que eles, guerreiros de selva, precisam para vencer a fome, a sede, o sono. Há vida além da selva amazónica, ou como sobreviver-lhe em 4 meses, nadando com jacarés, rastejando entre folhagem densa, com rasto de onça... Para ler aqui

Reportagem de Vanessa Rodrigues, com fotos de Pedro Mota, publicada a 4 de Junho de 2011 na revista Notícias Sábado, com o jornal Diário de Notícias

quinta-feira, junho 02, 2011

Carioquês, para principiantes

Sempre me avisaram: 

- Van, cuidado que carioca é malandro.

Eu sempre levei os meus cuidados a sério. Malandragem bilateral comigo não funciona. Mas malandragem carioca tem um q.b. hiperbolizado no humor. Os cariocas são engraçados. A minha amiga Ana Paula sempre sabia dar a volta por cima, mesmo quando foi sequestrada e se tornou quase amiga do cara. Na hora de a matar, ele vacilou, não quis e a namorada ficou furiosa. A Aninha quase provocou uma separação conjugal. Sobretudo, depois, que estavam a tentar ultrapassá-lo na estrada e a Aninha começou a gritar, sequestrada: 

- cara, vai, acelera que esse aí não sabe dirigir. 

É. No dia seguinte, depois de os sequestradores terem roubado todo o dinheiro dela, levado o carro, ameaçado o dia inteiro que a iam matar, de a largarem para pegar o bonde em São Gonçalo, a única coisa que ela respondeu a quem lhe perguntou se ela estava bem foi: 

- Gente, vocês não imaginam. Faz tempo que eu não ia lá. São Gonçalo está tão bonitinho! Moderno! 

É, a Aninha é assim. Dá sempre a volta por cima, espontaneamente. Mas, com o tempo, apercebi-me que isto tem muito de carioca. Carioca é malandro, mas é muito engraçado. Carioca é um stand-up-comedy ambulante, parado no boteco, na esquina, na praia, no calçadão, no morro, no bonde, ou na van. (É, não eu, mas a carrinha em "ingrês" mesmo, assim, oh: van). 

É isso. Comprovei a tese de todas as vezes que lá fui, mas tive a certeza que a vida dos cariocas é uma comédia (e não por folhear mais de perto as deliciosas crónicas do Luís Fernando Veríssimo) em Belém, em 2009. (É:  a Amazónia está quase a fazer 2 anos em Agosto).

Engenheiro Florestal. Maneiro! Cara engraçado contando história: tipo carioquês! 

Dia do amigo secreto: trocamos prendas com um grupo de amigos. Quase-Natal. Ele não conhecia a pessoa a quem tinha de dar prenda: comprou um pólo básico-preto. Mote para a conversa: Shopping. Fazia tempo que ele não ia lá. A última vez fora no Rio, com a mulher.

Ela: Oi, amor, a gente se encontra no final do dia no shopping, tá?
Ele: Tá bom meu amor. Comemos alguma coisa por lá, então.
Ela: Aquele do costume tá? O shopping do Bota-Fogo.
Ele: Tá bom!

(Ele pega no carro. Ruma ao shopping. Senta-se no banco e espera. E espera. E espera. E espera...)

Ela: Oi amor, peguei muito trânsito, mas estou chegando. Onde você está?
Ele: Na entrada, amor. Logo no banco da entrada, do costume.
Ela: tá bom. Em cinco minutos te encontro.

(Ele continua à espera. Espera. Espera. Ela liga)...

Ela: Amor, onde você está agora?
Ele: Ué? Na entrada!
Ela: É mesmo? Não te encontrei.Pera, vou voltar para trás!
Ele: ok (e continua esperando)

Ela liga, de novo.
- Amor, cadê você?
- Então, tô na entrada no banco da frente. Tem uma loja da C&A aqui do lado. Tô vendo biquinis em promoção.
- C&A? Mas o shopping do Bota Fogo não tem C&A. Isso é no shopping da Gávea!
(Ele engole em seco. Tem consciência que se enganou no shopping, agora, mas continua segurando)
Ele: - Não pode ser. Você tem certeza meu amor?
Ela: CARDOSO! ABSOLUTA. Você está no shopping errado. Nunca ouve o que eu digo.
Ele: Ai, amor, tô indo!

(Ela espera, espera, continua esperando, enquanto ele tenta que o carro dê uma de jactinho privado, voando sobre os céus cariocas...Chegou!Encontrou-a duas horas depois do combinado!)

Ele: - Não fala nada. Toma o cartão de crédito!


quarta-feira, junho 01, 2011

Mulher é fogo*

Mulher é fogo. Lento se a brisa estiver forte. Inflamado se a paixão lhe arrebatar o peito. Metafórico se as curvas generosas do corpo deixarem os outros em estado de Pavlov, com aquela pinga boba e involuntária no canto da boca a que se chama: baba, ou em delírios (porno) gráficos como pimenta (arghh) apurada por saberes indianos (ou o kama sutra não fosse...). 

É fogo é. É fogo talvez um pouco mais se ela fumar. Se fumar é fogo de inferno. Que me perdoem as mulheres que não fumam, mas mulher que fuma é a perdição do capeta (e dos programas de apanhados; e dos estudos de caso dos analistas).

É fogo, porque nunca sabe onde anda o isqueiro.

Os homens são mais pragmáticos nisto: bolso da calça e pronto. Mas mulher sempre precisa de um GPS para encontrar o isqueiro; um detector de metais ajudaria: um chip, um alarme, um bip, um íman, um fio preso ao pulso; é que nem com cor garrida e estrambólica a coisa chega lá. 

Puxa, mesmo. Mulher é fogo, sem isqueiro. Nós percebemos sempre quando ela puxa do cigarro e põe a mão na bolsa: começa devagar num bolso, vem o outro bolso, a bolsa, a carteira da carteira; e, quando nos apercebemos, já tirou quase tudo o que a bolsa tem e continua fogo, sem lume e o cigarro na ponta do lábio, entediado ("vai-me matar, ou não vai me matar?"; Isto sim é tortura de cigarro). 

Ela continua: já vemos a cuequinha lavada, o soutien, o batom, dois batôns, três, quatro (afinal quanto batom a mulher tem?: deve ser como a teoria do isqueiro); pinça, tampão, toalhetes de bebé, livros, cadernos, espelho, guarda-chuva, mais outro livro (por isso é que a bolsa fica pesada, heim?); a conta do ano passado do jantar com o ex; a conta de há dois anos de jantar com o ex-ex; a conta de supermercado; papel de cigarro; vem tudo, só não vem o isqueiro. 

Fogo, caramba! Até que, quando já se pode gritar o nome dentro da bolsa, ecoando por fibras e costuras entediadas com tanto mexe e remexe, eis que podem surgir dois estudos de caso para bons observadores, depois de serem hipóteses: 

1. A mulher não encontra isqueiro algum (a. compra outro; b. pede alguém na rua, ou perto; ou, ainda, dependendo da hora do dia e da intenção há ainda a hipótese c. que já lá vou mais adiante);  

2. Encontro o primeiro isqueiro, o segundo, um terceiro e talvez um quarto (de tanto nunca saber dele acaba tendo suplentes), ouvindo frases como:

- Mas, afinal, quantos isqueiros você tem? 

(Ela responde quase se sentindo ofendida como se fosse a coisa mais natural do mundo)

- Eu, sei lá, uns dois!

(E faz questão de mostrar; mal ele sabe que há mais dois e, com sorte,  ou azar, a caixa de fósforos do motel com o ex-ex-ex; ou você terá pegado do bolso do casaco dele? Não se lembra!)

É isso, mulher é fogo, mas no fundo, eu acho que este fogo todo, este estudo de caso em volta da bolsa tem segundas intenções. Analisem bem o cenário ao redor, quando virem a mulher puxar do cigarro, deixá-lo na boca e começar o périplo explorador (qual Jacques Costeau)  pela CARTEIRA. Acho que toda a mulher espera pelo momento certo, na esperança involuntária de que um dia ELE chegue(o príncipe encantado até aos 40 funciona; o capeta a partir daí, porque cansamos de esperar por homem romântico) e das duas uma (eu sei que é brega, mas a cada momento a sua história):

- Come on baby, light my fire!

Ou, então, claro, a hipótese cê de há pouco (cê de "chaveco", "cantada";)

- Olá, dás-me lume?

tssssssssssssssssssssssssss............

* (e sempre tem um monte de isqueiro perdido na bolsa)

É por isso que eu...

Experiências religiosas encolhem parte do cérebro (Oh, meu Deus!)...Um atrofiamento do hipocampo. Auch! Na Scientific American (o que será que eles ganham com isto?)...