Às vezes o Firefox deixa
de funcionar e a minha escrita torna-se mais lenta. É quando mais me
apetece viajar, mas acabo sempre por tornar-me diletante de leituras.
Ponho um Vinicius para tocar no leitor de vinil, leio o conto erótico
que a Juliana Frank publicou hoje na Ilustríssima, e desisto a meio, espero pelas
crónicas do António Prata, e recordo-me que há muito que não leio
Vila-Matas. Procuro o mesmo nas leituras: constatar que a escrita humaniza-nos um
bocado mais. Não, esperem. Perceber que a escrita imortaliza-nos um
pedaço, que nos faz viver um pouco mais além, assim
resilientes, obras imortais com direito a Wikipedia. Não sei se
quero isso. Isso e ler livros dedicados a mulheres, com cartas
dengosas e melodramáticas. Um enjoo, ou apenas um laivo de inveja.
O campeonato de ténis
está quase a acabar, na televisão, o pai joga xadrez, o avô já não lê, mas tem bulas como literaturas; escrevo análises textuais contra o tempo que
não me apetece escrever, bibliografias, enquadramentos teóricos, e como seria bom viver sem relógios, nem
dobras de tempo. Será como fazer aviões de papel? Um dia após o outro, uma página após outra
página. Cheguei ao fim do livro da Vanessa. Não o meu, o da
Bárbara. As Noites de Alface, leitura leve, com humor de couve-flor,
bulas e pó de baratas medicinais. Leve, pode ser levado para a
praia, mas aquele fim que não me convenceu, Vanessa. Sei lá,
falta-lhe algo e o vazio é gente sem história. Talvez devesse
voltar e escrever cartas, postais. Talvez devesse voltar a viajar.
Sim, preciso voltar a viajar. Não sou eu, é o outro, Kapuscinski!
O Ricardo quer que vá a Bruxelas, ela à Holanda; deveria era ir por aí, entre viagens na minha terra a Cabeça, Coração, Estômago. Tens razão Lu, deveria ler o livro, logo me enfado. Preciso logo começar as Miniaturas da Andréa, ou aventurar-me no grande Sertão Veredas de uma vez. Mais um vinil, Paulinho da Viola. Continuo com a predileção de pôr MPB no tocador de bolacha. É isso ela tem de voltar a viajar.
Sem comentários:
Enviar um comentário