domingo, fevereiro 12, 2012

Sortílego silêncio

Chegamos sempre todos um bocado tarde
À vida

Nós, os que criamos
os que escrevemos para nos procurar
para nos encontrar

Tarde à solidão
Tarde à ansiedade dela fugir
Para a procurar
para dela precisar
para a ter, depois da obrigação dos dias de ruído
Para a aprender a domar
Porque precisamos dela para ser
E raras são as vezes em que ela não nos sufoca
Precisamos dela
E chegamos tarde
Só lá chegamos no fim de uma vida
Desta, nunca da outra que nos vela os fios
A que não vemos, que é tempo, infinito e quânticos inamovíveis elementos

Eu preciso dela em convulsivas doses
Para o tanto arrebatado que em mim corre
Para as revoluções internas
Com a vida a acontecer
Porque tenho vários palpitares
Vidas que pulsam no corpo que habito

Mas quando silencio o tempo vagaroso (que me exaspera em contraditória sensação de inércia-ying para uma hiperactiva-yang vontade),
Para lhe dar texturas.
Preenchendo estranhos pedaços de vida minha
nesses silêncios de vida (que parece que quase não vivemos, porque não existimos para os outros em ermitas-hibernações)

sufoco-sufoco
Porque vivo tanto
E tanto tenho para dizer
E tanho tenho para criar, escrever,
Respirar
Tenho demasiado, e sede de vida
E por ter tanto não quero o silêncio
para maturar o pulso deste fôlego
gasp...ofego...arquejo...

Quero vivê-la
Antes que chegue tarde demais
Mas para isso preciso aprender a domar o silêncio

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