Não tanto quanto gostaria. Demasiado para o sossego da minha cabeça. Não-sou-high-tech-sou-high-tech. O Nitin é quem melhor entende do assunto: I´m a low tech man in a high tech world. Como será que se diz high-tech, quando o high tech já se ultrapassou, já não chega, já não é? Desculpa? Pré-História é o quê mesmo? Tem antes? Ah sim? Era? Foi? Como? Seu Gadget!
Não me lembro bem quando a minha vida high-tech terá começado. Mas talvez tenha sido quando o médico que fez o parto me bateu na pele flácida, enrugada, sangrenta, visceral, acabada de sair do quente e me pôs a chorar. É uma forma de tecnologia, milenar, mas que funciona, como quem diz “bem-vinda-miúda-o-mundo-é-isto-agora-aprende-a-respirar”. À bruta, claro. Sempre à bruta, como toda a tecnologia. (E, às vezes, até nos falta o oxigénio). Terá vindo, depois, não por esta ordem, mas por alinhamento evidente, o cobertor, outra tecnologia (nasci em Janeiro, em Portugal, por isso, certamente faria frio), o berço, o biberão, a chupeta, os tarecos-a-que-se-chama-brinquedos e outras coisas menos óbvias que a memória imberbe me ocultava. Salto, por isso, todo o resto da biografia garimpada de alta tecnologia que se transmuta em tecidos artificiais, para aquele écran negro, com espectros verdes para jogar computador que havia em casa dos primos. Ah: abrir-tampa-colocar-cassete-fechar-tampa-play erzzzzzzzzzzzzztziiiiiirzzzzzzzzzzzz: aquele barulho metálico e de contacto com extraterrestres (poderia jurar que deveria ser uma ligação intergaláctica; como é que será que eles nos chamam? "Terráqueos" não me convence) que poderia demorar entre 30 minutos a uma hora. Voilá: haveria todo um (admirável) mundo novo no ecrã – e sem extraterrestres, talvez da próxima. Agora, a coisa - a tecnologia pah-, até me deixa zonza. Não vou entrar em detalhes (são demasiados botões; demasiados manuais de instruções; "demasiado" em hipérbole-da-hipérbole-da-hipérbole). Gosto deles para a vida, e não para os acessórios artificiais que a fazem rodopiar (mais uma voltinha-mais-uma-viagem). Mas os meus detalhes são outros. As manhãs de inverno com sol, as surpresas e as vontades espontâneas. Preciso desses lembretes mentais para justificar a minha inércia anti-sofreguidão (embora caia nela, opostamente, todos os dias) para que não me sinta tão alienada desta bolha. (Fim de citação)...
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