Clarice contou-me, certa vez, que ele lhe pediu que ficasse mais um pouco. Só mais um pouco. Em vagar. Rotação Clarice. A mim nunca ninguém me pediu que ficasse mais um pouco. Deve ser intolerante a minha presença. Continuo, por isso, a invejar Clarice. Ela tem uma dilação que lhe legitima o nome em tempo-Clarice. É. Há um tempo que é dela, agarrando os outros para aquele enredo vertiginoso e fofo. Apneia, Clarice. É sempre a apneia. Como gostamos sempre de mergulhar no teu mundo, terno, tenro, desses seios fartos que nos acolhem a garra e nos fazem resvalar em suspensão erudita. É. O tempo contigo, Clarice, é erudito, mesmo que em silêncio, querida. Há lirismo. Um lirismo terreno, porém.
Há nesse abraço um fleuma servido a vida. Há vida. Há essa vida que é nossa, Clarice. Talvez por isso ele te tenha pedido para ficares mais um pouco. Podias fazer um cigarro. Desses de enrolar à mão. Levava mais tempo. Fazias-lhe companhia. E ele não pensava em mais nada. Não há nada para pensar. Temperatura e intensidades. Pele-com-pele. Olho-no-olho. Ofegar. A vida é ofegar sem amanhã. O tempo a dois, deles, Clarice. E tu fizeste um cigarro. Desses de enrolar à mão, passar a língua, molhar, meter o filtro, apartar o tabaco, bater e flap. Vida combustão.
A vida de um cigarro pode ser o tempo que demora um beijo. Fizeste-lhe companhia. Perdeste-te. Apaixonaste-te Clarice. Apaixonaste-te, repetes. O enternecimento do silêcio. Só o tempo psicológico de ele te ter por perto. Em palavras mudas. Silêncios. Porque haveria dor se falasses. É essa terna mudez que não é tua e dás, com respeito para não ferir. Clarice: a absoluta lentidão do cigarro é o tempo que lhe quiseres dar. A voracidade dele pela ansiedade. A celeridade da combustão do papel, mais veloz que o trago nele, queimando, ardendo tempo. E sabes que a distância desse dia nada importa. A distância queima, como cigarro ardendo. Há quem mais perto esteja estando longe.
Clarice, não podes ficar mais um pouco. Mas o tempo é o que ele te quiser dar. Faz um daqueles cigarros. Talvez, assim, fiques mais um pouco Clarice. Mesmo indo, pode ser que fiques, em rotação Clarice.
Há nesse abraço um fleuma servido a vida. Há vida. Há essa vida que é nossa, Clarice. Talvez por isso ele te tenha pedido para ficares mais um pouco. Podias fazer um cigarro. Desses de enrolar à mão. Levava mais tempo. Fazias-lhe companhia. E ele não pensava em mais nada. Não há nada para pensar. Temperatura e intensidades. Pele-com-pele. Olho-no-olho. Ofegar. A vida é ofegar sem amanhã. O tempo a dois, deles, Clarice. E tu fizeste um cigarro. Desses de enrolar à mão, passar a língua, molhar, meter o filtro, apartar o tabaco, bater e flap. Vida combustão.
A vida de um cigarro pode ser o tempo que demora um beijo. Fizeste-lhe companhia. Perdeste-te. Apaixonaste-te Clarice. Apaixonaste-te, repetes. O enternecimento do silêcio. Só o tempo psicológico de ele te ter por perto. Em palavras mudas. Silêncios. Porque haveria dor se falasses. É essa terna mudez que não é tua e dás, com respeito para não ferir. Clarice: a absoluta lentidão do cigarro é o tempo que lhe quiseres dar. A voracidade dele pela ansiedade. A celeridade da combustão do papel, mais veloz que o trago nele, queimando, ardendo tempo. E sabes que a distância desse dia nada importa. A distância queima, como cigarro ardendo. Há quem mais perto esteja estando longe.
Clarice, não podes ficar mais um pouco. Mas o tempo é o que ele te quiser dar. Faz um daqueles cigarros. Talvez, assim, fiques mais um pouco Clarice. Mesmo indo, pode ser que fiques, em rotação Clarice.
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