-Sei lá, será que oxida?
-Assim, até enferrujar? Ou apenas avinagra?
-Até pode ser, mas é estranho!
-É sempre estranho, mas até pode ser um lugar inabitável, só isso!
-Que o amor oxide?
-Não é de ferro, sabemos, mas há alguma coisa que o faz oxidar.
-Cristal. Talvez cristal. Refractado. Reluz, quase perfeito, mas inútil.
-Ás vezes é quartzo - move sempre nosso tempo, explora segundos de angústia, enjaulados numa eternidade, e ingrato no roubo do tempo.
-E consome como rastilho a nossa leveza. Dá-nos olhos com rugas. Olheiras.
-Mas oxidar, assim?
-É, cristal!
-Só quando se esmiuça em cacos e vidrinhos reluzentes é que percebes o colorido escacado.
-Parece sabes. Que o amor oxida. De todas as formas e matérias. É que tudo se transforma em pó e vai com o vento!
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