terça-feira, junho 27, 2006
E Pantanal, finalmente!
Lá, onde descansa o silêncio
E as breves nuances das gotas do ar saturado,
Há um reduto saliente que se embrenha no verde recatado
E no azul pacífico.
Poderia ser um pensamento sensível.
Ou até mesmo um breve suspiro de memória.
Até que o registo me mostrou que lá,
onde descansa o silêncio
E as breves nuances das gotas do ar saturado,
Há um olhar esquecido - suspenso no tempo!
Futebol - e tudo muda na cidade!
Futebol é ritual sagrado em terra tropical. Copa – o tal encontro “ecuménico” – é o "céu". O êxtase eufórico da religião desportiva. O cenário bicolor, os sons zoantes (estridentes) das gaitas, cornetas, buzinas são a melodia do ritual, que daqui a pouco vai começar. Hoje é dia de ver jogo! Assim obriga o ritmo da cidade, onde a ausência de alternativas é cunho certo. Mas mais do que reparar nos gestos evidentes (pouco originais) e na dinâmica estandardizada destes dias de Copa, percebe-se o padrão social que incentiva ao futebol.
As agências bancárias fecham das 11h30 às 14h30. A maioria das lojas de rua e dos shoppings fecham no horário da partida. As repartições públicas “de acordo com o Decreto nº47.265, assinado pelo prefeito Gilberto Kassab, hoje, o expediente nas repartições públicas municipais será interrompido das 11h às 15h”.
Nas escolas da rede municipal, o esquema das aulas será estabelecido pelas respectivas directorias. As Unidades Básicas de Saúde fecham às 11h e reabrem às 15h. (Atenção: que ninguém fique doente durante este período!).
Mais: os mercados municipais fecham às 12h e reabrem após o jogo. Entretanto, “o mercadão funciona normalmente e ainda terá quatro telões para quem quiser assistir à partida no local”. Os cinemas cessam as sessões à hora de almoço. De resto, muitas empresas concederam o dia livre aos funcionários para poderem assistir ao jogo. Outras, dispensam durante os 90 minutos futebolísticos.
É mesmo assim, em dia de futebol tudo muda na cidade - fica em silêncio absoluto no período da partida. As ruas mergulham no estático sossego dos ecos das cornetas de som dissipado e longe. Até que o Brasil marque o primeiro golo! E o estridente soar do rubro volte a lotar as ruas.
Mais: os mercados municipais fecham às 12h e reabrem após o jogo. Entretanto, “o mercadão funciona normalmente e ainda terá quatro telões para quem quiser assistir à partida no local”. Os cinemas cessam as sessões à hora de almoço. De resto, muitas empresas concederam o dia livre aos funcionários para poderem assistir ao jogo. Outras, dispensam durante os 90 minutos futebolísticos.
É mesmo assim, em dia de futebol tudo muda na cidade - fica em silêncio absoluto no período da partida. As ruas mergulham no estático sossego dos ecos das cornetas de som dissipado e longe. Até que o Brasil marque o primeiro golo! E o estridente soar do rubro volte a lotar as ruas.
sexta-feira, junho 23, 2006
quinta-feira, junho 22, 2006
quarta-feira, junho 21, 2006
Bonito II
Apesar da redundância adjectiva (de piada fácil e impertinente) para descrever o lugar de Bonito, em Mato Grosso do Sul, é impossível não reconhecer as pequenas coisas e as particularidades da beleza natural. A própria luz e as cores do lugar são o cenário inicial para as sensações que depois se experiencia.
© Vanessa Rodrigues
© Vanessa Rodrigues
© Vanessa Rodrigues
© Vanessa Rodrigues
terça-feira, junho 20, 2006
segunda-feira, junho 19, 2006
Para lá da "Rota do Ouro", descansam murmúrios do passado. Fábulas, lendas, mitos e a História de reis e servos; romances e injustiças; suspiros e conspiração; liberdade e sofrimento.
Para lá da "Rota do Ouro" estão salientes os enredos de escravos enclausurados, cunhados pelo trabalho mineral de luxo. Ouro Preto é o cenário de muitos palcos dessas histórias. O lugar onde a brisa do vento ainda não respira livre.
Mais além do que confessam os tempos idos, há histórias que ficaram por contar, nas encostas das casas coloniais; no silêncio das bocas ancestrais. E agora, sob a itinerância dos passos que o visitam, o lugar enreda-se num desconcerto que roça a contemporaneidade do passado.
Abril de 2006
Abril de 2006
terça-feira, junho 13, 2006
Copa do Mundo; Vai rolar!
Z. entrou com a camisola da selecção brasileira. Sapatilhas verdes ofuscantes. Casaco de malha verde e amarelo. "É Brasiuuuuu...", anunciou ele à entrada da porta velha enferrujada. E hoje o entusiasmo exalta-se (será mesmo possível o pleonasmo?). Às 14h30 as empresas param. Às 15h, o quiosque do "seu Santos" desce as janelas de aço para encobrir uma caixa de metal encerrada aos olhos de quem passa, bem ali no Itaim. E será que alguém vai passar, àquela hora sagrada? Na altura em que a cidade se transforma num templo "ecuménico" de futebol multicolor.
O moço de pele escura vende bandeiras no semáforo. Tecidos A4 esvoaçantes amontoam-se na mão. Tarde demais! Os carros que passam ostentam bandeiras bem maiores. Bem mais vistosas! Não há compras de última hora nos semáforos. Só na esquina aqui do lado. As "Lojas Americanas" são hoje, uma espécie de feira, sem regateio. O cenário: dezenas de pessoas saem com sacos nas mãos. Lá dentro avista-se duas cores preponderantes: verde e amarelo. Está claro!
Às 15h a Pinacoteca do Estado fecha. "Não há visitas depois dessa hora. É por causa da copa", explica, a rir". O sentimento espalha-se por outros locais públicos. Mais tarde sabemos que as sessões de cinema só acontecem depois das 18h. O atendimento ao público, nos bancos, encerrou. (Fecharam ao meio-dia). É a capital económica da América Latina a meio gás pela Copa do Mundo. Só os taxistas estão hoje rezingões. "Falta clientes. Pára tudo. E lá se vai o negócio", há quem o diga ressabiado.
Há já, a esta hora (13h10), 55 km de engarrafamento na cidade. E ainda faltam 3 horas. Corrida para a TV, telões, imagem do grande jogo!!!!
Mais: a publicidade é a agressão mais forte da mensagem do Mundial. Nada escapa. "Este outdoor torce pelo Brasil". Depois, há também um sentimento de exacerbada certeza na vitória. Vedetismo. E há, igualmente, os mais recatados. Cautos nos comentários. Certo ou não é que o Brasil está em festa! Em contagem decrescente para a grande estreia. É a copa do mundo. E vai rolar!
sexta-feira, junho 09, 2006
terça-feira, junho 06, 2006
Brad Mehldau, Trio
Auditório Ibirapuera (São Paulo). Domingo passado. Brad Mehldau, Trio. Inspiração em "Day is Done" (2005), mas com arranjos de bossa nova brasileira, também. Deu para mitigar as saudades de um bom piano. Jazz. Podia ter sido genial. Não fosse o problema técnico no piano. Imperdoável! Nota desafinada. Tentativas de afinação logradas. E a revolta da sensibilidade de Mehldau. E não! Ele não voltou ao palco.
segunda-feira, junho 05, 2006
Sinhá Z.
Sinhá Z. dorme debaixo dos jacarandás floridos, suspensa na rede branca que abraça as duas árvores. Enquanto isso, o sol tardio afaga o corpo queimado do dia. O cenário acobreado do entardecer, enrola o busto arredondado; o peito descoberto pela blusa que se encosta ao braço caído pelo sono. Assim serena, não pensa nos problemas. Não pensa nas dificuldades da Fazenda. Na crise do café. Na produção da soja, devastada por uma praga inexplicável. Assim, tranquila, sonha em desenvencilhar-se das amarras paternas. Mergulha na inconfidência feminina. E pensa na alma escrava por quem se apaixonou.
sábado, junho 03, 2006
sexta-feira, junho 02, 2006
Cenas Corpos Nômades -
Por VR
Quando o fogo se apagar, os nómadas vão adormecer. De trás para a frente. A história. Uma encenação corporal. Metaforicamente sensorial com a vida. Ou talvez a explosão do corpo sobre o palco – que vale mais que a cadência da música. Cunha-se o ritmo do movimento. A musicalidade é secundária. Poluente. Rasga-se a elasticidade física, como um balão. Será assim o corpo? Enquanto o olhar se perde, escondendo-se num labirinto de artes? É que o palco enreda-se: em hip-hop, rap - dj´ing - jazz, clássica, electrónica, soul, rock; vozes metálicas. Estridentes. Perturbantemente graves. Confundidas e aterrorizantes. Pintura!
Depois o olhar. Uma luz ténue. Uma tela de cenário. A projecção vídeo. Ele vergado. Ela, elasticamente, deitada sobre o dorso. A imagem revela-se. Ambos mostram-se. Mas a imagem videográfica queda-se, na tela. Depois o writer. Solta aerossol sobre a tela. Delinea a imagem projectada. Imprime cor. Tonalidades. Suor. Tinta. Cheiro forte, penetrante nas narinas. Graffiti. Projecções simultâneas numa tela maior. Saltos elásticos. Puff!O corpo explode. Voa. Constrange o baque corporal sobre o palco!Pah! Pés amorfos no chão. O corpo é epiléptico. Solta-se. Vagueia errante sobre o palco. E estende-se aos outros. Improvisos. Colagens corpóreas. De ilusão. Um corpo são um, dois e três. Vários. Unos. Sensíveis. Extensíveis. Até ao fôlego final. Até ao fogo do fim. Nómada!
Ficha Técnica
Cia. Corpos Nômades
concepção e direção: João Andreazzi
Centro Cultural São Paulo
Até dia 04/06
quinta-feira, junho 01, 2006
Política Tribal
Recolhidos em comunidades culturais, os índios ainda lutam por reivindicar o espaço que lhes pertence! São património. Humanidade. Modernidade, também. E adaptação social! Representam menos de 1% da população brasileira. Mas são política, igualmente. E cada vez mais próxima.
Segundo Gabriel Alvarez – Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília- “as lideranças indígenas da Amazónia [por exemplo], têm força suficiente para montar uma ampla agenda de reivindicações, mas ainda encontram dificuldades por implementá-las no âmbito nacional”. Mais: em defesa dos interesses colectivos das suas comunidades, essas lideranças optam apenas cargos de prefeito ou de vereador. Será o fim da militância indígena? Ou início de uma nova?
Segundo Gabriel Alvarez – Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília- “as lideranças indígenas da Amazónia [por exemplo], têm força suficiente para montar uma ampla agenda de reivindicações, mas ainda encontram dificuldades por implementá-las no âmbito nacional”. Mais: em defesa dos interesses colectivos das suas comunidades, essas lideranças optam apenas cargos de prefeito ou de vereador. Será o fim da militância indígena? Ou início de uma nova?
Subscrever:
Mensagens (Atom)