...será aquela que já escreveu as páginas do meu 2012. Será cedo para um balanço deste ano, mas súbita vontade de dedilhar o teclado como quem toca piano apoderou-se desta jovem miúda que, no próximo mês, já conta mais um número para os "intas" e continua a pensar que, afinal, não saiu dos 28, porque a vida nos mostra que há tanta frescura, onde, às vezes, vemos nublado.
A contas com o ano: vivi.
Vivi muito e bem e do peso que se fez leveza e da amargura que se fez Primavera, do abalo que se fez cascata em descida de tobogan. Vivi, juro que vivi, tanto e bem. Que um ano será pouco para o tanto que tive o privilégio de viver, sentir, crescer e encontrar alguma paz interior, de sorrir por nada, de enfim, perceber que o que importa é viver, que os problemas como vêm, vão e, no fundo, só precisamos de viver e tornar o dia a melhor coisa que pudermos, rodear-nos das pessoas que nos querem bem e felizes, que nos inspiram, que nos fazem bem e apoiam, nos dizem palavras doces e um colo que nos embala, certos de que tudo passa e que, de fato, foi um pretexto para termos esse aconchego como se mais nada no mundo existisse.
Se tudo finasse naquele momento, ainda que com dores no pensamento, que nos impõe ao corpo, tudo finaria bem porque estava docemente embalada, protegida, cuidada. E este ano cuidei muito e fui cuidada.
Comecei, verdadeiramente, a viver 2012, em Abril, depois de um acidente de carro, onde tive a certeza de que tudo terminaria. Tive a certeza de que, ainda assim, tudo estava certo, de que não mudaria nada na minha vida. Estou grata por tudo. Que estava vivendo exatamente aquilo que devia viver. Escrevi uma carta a mim mesma para abrir dali a um ano. Estive em Marraquexe, em Toulouse, na fenda de uma pedra no Gerês, onde reaprendi a confiar e, se calhar, a amar; estive em Bragança, em Odeceixe, na Afurada, vivi o Porto escondido, vi o pôr-do-sol no Guindalense Futebol clube, contracenei numa curta-metragem, fiz praia até o sol se esconder, joguei volei, degustei amigos, fiz judo, ayurveda, acarinhei a família, cozinhei para os amigos, abracei e ouvi quem de mim precisou.
Fiz teatro, festas para amigos, editei vídeos, viagem de caravana até à Eslovénia, escrevi sobre o que mais gostei, fiz uma grande reportagem sobre um mundo incrível, andei por aldeias raianas a ouvir histórias de contrabando e salto, li livros maravilhosos, perdi-me em alfarrabistas, dormi agarrada, tive jantares cozinhados só para mim, só porque estava triste, ou só porque sim; fotografei muito e conheci-te.
2012 se foi um ano duro, onde muitas vezes as lágrimas também vieram, foi também um ano leve de começos e recomeços. De aprendizagem muita. De generosidade e paciência para não deixar que os problemas me enruguem demasiado e com peso a minha energia, o meu carinho, a minha leveza em acreditar que vale a pena ser leve e partilhar. 2012 foi um ano muito bom.
1 comentário:
Feliz pela felicidade que encontrei nas tuas palavras.
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