Contra o dia, Thomas Pynchon (Companhia das Letras, Brasil)
“Isso durou um mês. Aqueles que julgavam ser um sinal cósmico estremeciam ao olhar para o céu a cada entardecer, imaginando catástrofes cada vez mais extravagantes. Outros, para quem o laranja não parecia um tom adequado ao apocalipse, ficavam sentados em bancos de praça, lendo tranquilos, acostumando-se com aquele curioso brilho pálido. À medida que as noites foram se sucedendo e nada acontecia e o fenômeno em pouco tempo foi se reduzindo aos tons habituais de violeta, a maioria das pessoas já não se lembrava da tensão, da sensação de aberturas e possibilidades, que haviam experimentado antes, e mais uma vez voltaram a pensar apenas no próximo orgasmo, alucinação, estupor, sono, para que pudessem atravessar a noite e proteger-se contra o dia.”
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