quarta-feira, maio 13, 2009
Bielman A. 1a vela e uma caixa de fósforos [a.k.a: Turno da noite...]
Saiu do hospital às 4h12 “sharp”. Flashback: às 4h entrou-lhe nos cuidados intensivos a mulher em coma alcoólico. Overdose de Prozac e muitos cigarros no cardápio biológico. Conhecia-lhe os vícios. O casamento é fio que se ata esfiapado. O dele fora um de pesca, invisível, mas que lhe incomodava as entranhas e os electrólitos do corpo, quando se anula. O corpo é electricidade. Porque não haveria de os ter? Ziiip!Se ele não falar, existe? Dito assim faz sentido. A vida é mecânica, deixá-la ser. Melhor mesmo só a literatura de W.C. Luvas esterilizadas. Análise.Respira? Responde? Diagnóstico. Apatias. Corpo-gelatina! O rosto desfigurado roubou-lhe a identificação daquele “era”. O ser não é! Já disse que lhe conhecia os vícios. Ah? Deixou-lhe o cheiro nos lençóis gastos, a tarde passada. Saíra às 18h22 “sharp”! Deixou sola nas escadas. Pele no puxador da porta. Um afecto acomodado nas entranhas! E agora, não lhe conhecia a textura. Saiu do contexto: tem percepção viciada. Não vemos o é, apenas o “foi-já-visto”. Bielman A. não a percebeu. 4h07. Corpo deixado, anulado, já era. Dezenas viu, em noites assim. Domingo para segunda. A noite mais deprimente para elas. Eles têm a TV. A comida rançosa no sofá. O cheiro nauseabundo da discussão em fase terminal. Mas onde há onda electromagnética, há reacção. E elas não suportam as ruas de Domingo à noite. Resta-lhes Prozac fora da validade. Álcool a 5 reais. E um orgasmo simulado. 4h11.Bielman A. mandou-a para a morgue. Apanhou a caixa de fósforos que lhe deixou na mesa-de-cabeceira. Ainda cheirava a vela ardida. Pensou se teria ardido, antes, ou depois do fôlego final. Lembrou-se! Ainda iria a tempo de saber!
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