Piriquê gosta de brincar na praia. Enrola-se na areia como uma bola molhada. Chapina a água do mar e corre para apanhar uma fantasia imaginária. Espontânea. Rodopia. Com o o corpo molhado volta a enroscar-se nos grãos finos das rochas sedimentadas. Dobra a perna direita e estende a esquerda para se sentar. Balança com o corpo. A queda é pequena. Natural. O chão está perto. Queda-se. Agita-se de novo.
Agarra com a pequena mão a areia humedecida. E deixa-a deslizar nas pequenas mãos negras. As gotas do banho enxaguam o que a pele tem de seco. Ela brilha. E as costas pequenas da pele negra têm reduzidos pêlos louros, dourados pelo sol. Uma pele assim, escura, já nasceu com a dádiva da extensão solar. Quando não brinca no areal, Piriquê debruça-se sobre a barraca do pai, enquanto ele arranja as ostras frescas. Corta-as. Com um rápido golpe, ele solta aquela textura agelatinada da carapaça. Tempera-as com limão. Ou laranja. Dezoito ostras são quinze reais. Meia dúzia, doze reais.
O pequeno de olhos esbugalhados, olhar desprendido e gestos arrebitados ajuda o progenitor. Escolhe as ostras velhas para o lixo. Pega numa. Cheira-a. Ignora o aroma azedo e atira-a para o tabuleiro que se estende sob a minúscula barraca. Parece-se com uma arca de gelados, ornado com guarda-sol. Pintada de vermelho na faixa de cima e de baixo, a pequena arca tem a meio um fundo branco que é uma lona esticada.
“Ostras Frescas”, lê-se a azul escuro. E vislumbra-se depois: “O Senhor é meu Pastor e nada me faltará! Salmo 23”. Assim, a frio, racionalmente, até parece que falta muita coisa a Piriquê – menos a infância, quem sabe! Isso nem a carência rouba ao garoto.
Ainda sentado na borda da caixa, o pequeno esconde-se atrás do balde de água improvisado. Sem o saber, ele está escondido do meu olhar. E do horizonte que se estende para lá da areia.
Agarra com a pequena mão a areia humedecida. E deixa-a deslizar nas pequenas mãos negras. As gotas do banho enxaguam o que a pele tem de seco. Ela brilha. E as costas pequenas da pele negra têm reduzidos pêlos louros, dourados pelo sol. Uma pele assim, escura, já nasceu com a dádiva da extensão solar. Quando não brinca no areal, Piriquê debruça-se sobre a barraca do pai, enquanto ele arranja as ostras frescas. Corta-as. Com um rápido golpe, ele solta aquela textura agelatinada da carapaça. Tempera-as com limão. Ou laranja. Dezoito ostras são quinze reais. Meia dúzia, doze reais.
O pequeno de olhos esbugalhados, olhar desprendido e gestos arrebitados ajuda o progenitor. Escolhe as ostras velhas para o lixo. Pega numa. Cheira-a. Ignora o aroma azedo e atira-a para o tabuleiro que se estende sob a minúscula barraca. Parece-se com uma arca de gelados, ornado com guarda-sol. Pintada de vermelho na faixa de cima e de baixo, a pequena arca tem a meio um fundo branco que é uma lona esticada.
“Ostras Frescas”, lê-se a azul escuro. E vislumbra-se depois: “O Senhor é meu Pastor e nada me faltará! Salmo 23”. Assim, a frio, racionalmente, até parece que falta muita coisa a Piriquê – menos a infância, quem sabe! Isso nem a carência rouba ao garoto.
Ainda sentado na borda da caixa, o pequeno esconde-se atrás do balde de água improvisado. Sem o saber, ele está escondido do meu olhar. E do horizonte que se estende para lá da areia.
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