Domingo ao final do dia. Fim-de-semana prolongado. Um político mimado (hum, não serão todos?) resolve deixar de comer. Por perrice. Mediatismo. Expiação, talvez. Ou lavagem colectiva mental do poder do simbolismo. E do flash mediático.
Desde Domingo que o pré-candidato à presidência da República do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, (PMDB), Anthony Garotinho, está em greve de fome. Mas, atenção: uma greve chique. Com direito a médico que vigia o ritmo cardíaco. Os sinais de fraqueza. O medica. O apaparica. Eis que surge, portanto, uma nova categoria de suspensão voluntária de comer. As razões? Protesto contra as denúncias de irregularidades na arrecadação de recursos para a sua pré-campanha. A última edição da revista Veja (“A face oculta de Garotinho”) reforça essas acusações, enunciando uma lista de irregularidades. O ciclo jornalístico foi inevitável. A imprensa circulou as denúncias. À porta da sede do partido, foi colocado um livro que recolhe assinaturas para apoiar Garotinho. Este “peemedebista” já enviou uma carta do protesto para a Organização dos Estados Americanos, solicitando que haja uma supervisão internacional do processo político eleitoral (em Outubro). E pede ainda igualdade de tratamento em relação aos outros candidatos. Garotinho reforça que as denúncias são falsas, não fazem sentido e que isso não o desmobiliza da candidatura- já sabemo!!! (o jogo do não, contra o jogo do “talvez–quem-sabe!E-até-pode ser-mas- nunca-se-saberá!”). Portando temos aqui um “almofadinha” mimado, irresponsável. Indigno.
Mas o que me irrita aqui não é o espaço que a imprensa lhe dedica (também!). Enunciando a evolução da tensão arterial. As gramas que perdeu (há sites que apelam, ironicamente, que ele perca muitos quilos, a ver se desaparece de vez- kibeloco). O que irrita aqui é a estupidez, a insensibilidade de uma pessoa que, num país onde tanta gente morre de fome (e vive em condições de miséria), tem a distinta lata de conspurcar os limites da indiferença; da inconsciência mórbida.
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