Entre a minha amada Piauí de Outubro, fresca, carnuda, cheirosa, que sempre me oxigena as ideias e a prosa- e trazida pelo casal maravilha, que por acaso são duas pessoas também amadas, a Tânia e o Alfredo-, "A Grande Arte" do Rubem Fonseca, que num irracional ato de quem sucumbe ao materialismo da literatura, mas continua sem euros que se aproveite na conta bancária, entrou-me pela mala dentro; "O Livro Amarelo do Terminal Rodoviário", de Vanessa Bárbara (Cosac Naify, 2008), prémio Jabuti de livro-reportagem no mesmo ano; os "Sinais" do Fernando Alves, na TSF, e os vídeos do Philip Bloom e do NewsShooter, posso dizer que tenho encontrado a fórmula anti-crise, para enganar as rugas do pessimismo, dando um "up", claro, na minha percentagem diária de otimismo. E, quem sabe, manter um certo garante mensal, com ideias, também elas, novas, frescas, oxigenadas, carnudas, cheirosas.
Bem sei que é uma combinação bastante egoísta, personalizada, egocêntrica, narcísica, enfim, massagem intelectual, autista, mesmo, mas ao menos consigo, com estes entorpecentes ao modo Laranja Mecânica, entreter-me, como quem, na realidade, prepara, a partir desta arte da guerra, com cultura, o modo de derrubar governos para lá de incompetentes. Sei que me engano a mim própria, mas na impossibilidade de mudar o curso das coisas, posso, nesta mágica quase quântica, sentir-me mais forte, útil, e fortalecida, para os tempos ainda mais difíceis que aí vêm. E, quando voltar a emigrar, assim espero, terei, certamente, investido o tempo pessoal, como deve ser, para fazer do meu mundo ao redor, inventar um país, quem sabe, um lugar ainda mais habitável.
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