- - Se a gente pegar um táxi até o bar, fica mais fácil. A gente sai da Lapa, pega o Aterro, e antes da entrada da Urca é clube.
-Beleza, vamo!
Saltam para a rua, muvuca de começo de festa, caipirinhas rodam nas mãos, cachorros-quentes; carros amarelos à espera de aquecer o banco e rechear a bolsa.
-Amigão, a gente vai seguir para o clube.
Bandeirada a $ 4, 50. Quatro num carro. Conversas paralelas, calor, aragem. Saída da Lapa e pé na tábua para o clube. Festa do amigo-do-amigo-do-amigo, bem bacana, som maneiro, porque o DJ é “bem legal”, está na moda, numa espécie de “revival” de anos 80 e 90. É: na moda estão as décadas de 80 e 90 do século XX. Penteados, legging, blusas compridas axadrezadas, vermelhos e azuis-vivos. Maquilhagem garrida. Beleza. Com entrada a 20 real.
-Vocês vão lá na Pizzaria Guanabara?
-Que nada moço! Na Baía Guanabara, tá ligado? É, você tá com fome para querer ir na Pizzaria Guanabara! (risos alarves)
-Caraca! Sabe que é verdade, mesmo! Não como faz tempo e ainda falta para terminar o expediente.-
- Olha só, tenho aqui uma paçoquinha, mas é diet: aceita?
-Com a fome que eu tô, pode ser qualquer coisa. Tem?
Um minuto depois da saída da Lapa, da fome do taxista, das dissertações vagas e diáfanas o taxímetro estava quase nos 15 reais. Não pode ser. Olhei. Fiz sinal para trás (tenho o hábito de me sentar do lado do motorista, quando há gente para aquecer os bancos de trás: digamos que é uma espécie de autismo solidário, esse de meter conversa taxistas para ficar ligada no movimento – se fizessem um estudo para fins jornalísticos iríamos concluir que, depois dos donos de café, e das senhoras do bairro, os taxistas são as melhores fontes de informação). Flashback: Olhei para os três atrás e falei.
-Cara, seu taxímetro tá louco. Passou rápido para os 15 reais. A gente nem sequer chegou no Aterro. E não costuma pagar mais do que 20 reais até à Baía de Guanabara. Por essa lógica, vamos chegar nos 40 reais para corrida final. Seu taxímetro tá zoado e você vai ter que resolver. A gente não vai pagar isso tudo! Nem a pau!
-Ih, sério? É mesmo. Caraca! Será que deu um “pau” qualquer na máquina? É que esse táxi é de um primo meu. Eu faço uns bicos de vez em quando, e esse final de semana foi minha vez. E pior é que só segunda-feira é que dá para resolver. E eu não posso ficar o tempo todo sem trabalhar. Será que se eu desligar ele volta a funcionar?
-Amigão, não engana não. A gente sabe como funciona. A galera dá uma zoada no circuito do taxímetro e, ou quando você acelera, aciona o mecanismo; ou você tem um negócio no volante para accionar ele. Cara, tem de ficar ligado. A gente pode denunciar você.
-Que nada, cara. Viatura não é minha. É a primeira vez que isso está acontecendo. Eu nem sei do que você tá falando.
30 reais a piscar certos no taxímetro e os dígitos a rodarem acelerados no painel.
-Cara, vai ter de fazer desconto nessa máquina aí e pagar o preço justo. Te damos 20 reais. Tá ligado?
-Beleza. Desculpa aí. Não tô ligado no negócio. Vai ver que eu queria ir mesmo era nesse tal de Antiquarus. Coisa cara. Coisa de português!
Fim de linha. Fim de rua.
sábado, janeiro 22, 2011
Jeitinho brasileiro (1)
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