Intermitências... A respiração desse homem anda, agora, uma enciclopédia de reticências quase infinitas, apenas interrompidas, esporadicamente, por uns quantos pontos de interrogação [?, ¿], para cima para baixo, que logo deslizam numa promiscuidade absoluta com os pontos de exclamação [!!!!!!!!] para encurtar a coisa. Depois das reticências prolongadas [......] , seguem-se os parágrafos vazios das palavras que não disse e gostaria; das letras que pensou e não escreveu; dos regozijos histéricos de uma família de exclamações e gritos. Mas, realmente, ele só se revia nas intermitências da mudez absoluta das expressões vazias. Preferia o silêncio, à nudez pornográfica da retórica.
Queria muito gritar, por isso, resolveu colocar um “A” maiúsculo seguido de um “H” mudo em caixa alta. Para ajudar, muitas reticências, ou pontinhos vagabundos que se entregam assim, gratuitamente, à quase afonia da respiração. Já ia, quase, no décimo volume de pontos salpicados, sem edições revistas e aumentas, quando, por acaso, à mesma velocidade que um ponto final, o chato da questão, se lembrou que o ponto e vírgula poderiam ser melhores companheiros. Por exemplo, na dúvida entre acabar com aquilo tudo e continuar, a vírgula era a esperança, em forma de um tropeção que lhe dava a entender que até a pontuação (o ponto da acção, certo?!!!....) tem valentes e intermitentes crises de asma... Aquela aflição já era um asco e uma sentença evidente de que a língua dele há muito estava morta.
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