terça-feira, janeiro 27, 2009
Sabe-me a pouco...
Dali escorregam hormonas que só crioula sabe domar. Nada contam ao vento, que fustiga esta costa de sal adocicado. Há crónicos paradoxos como este que só se explicam com as mãos enroladas na areia e o beijo rasgado da brisa antes do tempo. Em jeitinho atrevido que só os olhos pedem para não denunciar. Como é que Sal não sabe assim quando molhamos os lábios com a língua para saber o que é o vento nos traz, ali, a ver-o-mar? Não há afectos que partam destes portos. Nem sabores que se desconheçam. Não se sabe o que há. Sabor de relento. Sede de mar. Aqui resta o amor do tempo perdido e a sageza dos humores do paladar. Há pessoas que sabem doce, ainda que não as provemos. Depois há o manto rudimentar sedimentado. Pontilhado de rochas que já o foram. E ele enterra os pés, secos e rugosos de quilómetros queimados em grãos sempre novos, desconhecidos. Raspam sim, como se estivessem a ronronar um prazer displicente por serem assim massajadas por pés pesados. E o suor que lhes escorre gotejando pelo corpo nu, portentoso, em chocolate- derretido-queda-livre, maliciosamente exibido em birra contra a luz. São pés que lutam por direito a um leve roçar redondo na amante promíscua em cada toque. Ela já não sabe quantos dedos a envolveram num encantamento de fim de tarde. Saltou, rebolou, bruxuleou como vela, rodopiou, rasgou prazeres grão-a-grão, voou em tiro livre para redes alheias, sem dono, em cada posição adversária. Essa bola, amante fácil, que precisa do movimento alheio para se exibir, como as hormonas destes corpos dedilhados por luz com sede de mar. Paridos ao relento, filhos de Sal, de água e de vento gotejado. Como será?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Bonito,irresistível. Fechei os olhos e de repente sonhei- com aquela maresia salgada, mas saborosa. Fora dela, ao ouvido; Quer frô? colári..? Não,não quero.Deixe-me sonhar!
Beijokas Princesa
Enviar um comentário