quinta-feira, dezembro 11, 2008

Lista de natal

Chega esta época do ano e parece que algo acontece, realmente, na vida das pessoas. Uma série de manifestações esquisitas (a que já deveria estar habituada, porque o ritual repete-se) levam-me a pensar que, apesar de tudo, os consultórios psiquiátricos colectivos são, nesta altura, bem mais caros do que a terapia diária. Presume-se! É. E essa função é bem cumprida pelos shoppings e toda a espécie de lojas comerciais, que plasticamente usam, de orelha a orelha, o sorriso elástico dos empregados formatados para nos convencer a dedilhar os dígitos mágicos: c.r.é.d.i.t.o
Estranha e esquizofrénica palavra, porque esses mesmos empregados têm um ar, tudo menos, credível! Ahhhh!não gosto do Natal, particularmente, pela histeria coletiva. Mas gosto dos "sabores" do Natal e o que isso representa para mim. É a única época do ano em que - há dois anos – vou a Portugal. São 11 meses fora, e um mês para matar todas as saudades e renovar-me!Um mês chega, costumo dizer...embora, às vezes, queira voltar só um bocadinho às pequenas coisas que me deixam derretida pelas minhas pessoas...

Por isso, a minha lista de Natal, talvez seja a menos sofisticada do mundo. Mas é a que me vai dar o maior sorriso planetário, de orelha a orelha (quase com cara de ET.). A sensação mais esgotada de realmente achar que a vida vale a pena por isto...Coisa de emigrante, talvez!

lista de Natal- os milhares de abraços da família e a gritaria na véspera de natal;

- as primeiras palavras da Sara e da Beatriz;

- decantar o vinho com o pai;

- Rabanadas da minha mãe;

- e colo dos dois;

- deitar a cabeça no ombro do meu irmão enquanto a lareira crepita;

-as mil perguntas dos meus amigos até se habituarem de novo às minhas piadas de que só eu me rio (alerto: infelizmente não consegui mudar e os meus irmãos brasileiros riem-se mas não as entendem, tb. Mas são uns queridos, porque não me querem deixar ficar mal);

- o cheiro da terra molhada no jardim;

- dos cafés prolongados com os amigos;

- dos almoços em casa dos avós que insistem que estou muito "magrinha" (mera impressão estereotipada, porque como dizem as amigas "és uma falsa magra". ok!) e tenho de comer dois pratos de coelho estufado com arroz, seguido de queijo branco, chocolate, fruta, doce, vinho, doce e uma bagacinho para “compor”;

- os ciúmes e as reclamações dos amigos (estás sempre com a agenda preenchida, não vais ter tempo para mim? – não é bem assim, vcs é que trabalham demais);

- dormir no sofá (mania que desenvolvi no tempo das insónias);

- andar de metro, e ver afinal em que mudamos, nós portugueses, apercebendo-me do quão antropológica é a experiência;

- café, café, café, café, café...

- os jantares prolongados de peixe grelhado e “Planalto” ou “Muralhas”;

- as viagens de comboio;

- as caminhadas pelas ruas do Porto;

-do cheiro de Lisboa;

-ler um livro no café;

- das noitadas no Pipa Velha;

- dos regressos, das idas e vindas e dos afectos;

- do frio;

- do cheiro a chegar;


É! Chegamos a uma altura em que relativizamos o resto. Serenamos e aprendemos a perceber a vida é mais leve do que o peso lhe damos!

1 comentário:

Anónimo disse...

Feliz Natal miuda

E que em 2009 me faças uma visita do outro lado o hemisferio :)

bjoka
manu