Agora entendi o que se passa. É a memória (estúpido?). Estamos caducos. (Entenda-se, nós os portugueses. Ou a Europa. Ou, então os cidadãos do mundo - fica sempre bem escrever isto. Mas, ah é verdade, esqueci-me: existem as fronteiras e a senhora dona Europa faz questão de as vincar! Esqueçam os cidadãos do mundo, regressamos à era das indulgências papais… [oops políticas!] para podermos, simplesmente, existir). Ser ou não ser!
De geração em geração, o mal de que padecemos é Alzheimer. E colectivo. Há outros males, contudo, o diagnóstico dá relevo a uma crónica falta de memória. Não tarda nada andaremos a perguntar: “Desculpe, afinal o buzinão é porquê?”…Hum…Estas coincidências de verosimilhanças novelísticas sempre me deram arrepios. Todos os que me conhecem sabem que adoro o meu país, faço parte da lista da saudade do cheiro da terra molhada, mar, vinho, família, amigos e os domingos prolongados; por isso e por outras coisas mais, causa-me uma enorme azia ver a apatia e a falta de reacção pelo que acontece. Somos brandos. E quando nos irritamos não sabemos muito bem porquê e contra quem, mas parece-nos bem fazermos barulho. Somos um país de “natural-born-actors”! E somos é muito mal informados e paridos pelo boato! Até entendo. Vamos lá! Não há dia em que não ouça as notícias lá do outro lado. O vosso, o nosso, o meu. Esse mesmo. O filho bastardo da União Europeia!
Sim! E também não passa um dia sem que, pelo menos, não clique nas “gordas” dos jornais à procura de coisas novas. Tudo novo, porém, nada que me surpreenda! E confesso que nunca tive grandes dotes para a vidência [e olhem que por aqui ou por aí, ainda daria para pagar umas contitas], mas aquilo que leio, é no mínimo, previsível. Não é preciso grandes dotes de adivinhação. E agora temos o vídeo amador a dar tréguas à televisão. A TSF já aderiu, o Expresso, o Público, o Portugal Diário e por aí fora, também. Jornalismo "YouTube" (Vote, vote. It´s the most watched video..Uau!)! Imagens tremidas, textos cacofónicos -que se lixe a qualidade, é disto que o meu povo gosta - blogs de tudo e mais alguma coisa, com vídeos e mais vídeos – fica difícil escolher o que ler hoje, para estar sempre actualizado: “Então, não leste?; não sabes; a sério?”. Hum… E pronto assim nos mantemos no mundo do “sei-tudo-sobre-nada-e-cada-vez-mais-nada-sobre-tudo!
Mas volto ao Alzheimer, que "Portugal.mente" falando, é o mais importante nos dias que correm. Continuamos, como sempre, apatica.mente inactivos (oops pleonastica.mente, falando), esfregando o cartão de crédito para pagar os luxos, que diga-se de passagem: em tempo de crise é sempre a melhor terapia; obcecados pelas férias num "resort" do Brasil, Marbella, República Dominicana, etc, para carregar baterias para os outros onze meses em que batalhamos pelas férias e pagamos o cartão de crédito. Isso sim, é o mais importante! Saravá, dessa já me livrei: não tenho cartão de crédito e moro no Brasil (caramba: e já não vou à praia, há mais de um ano. “Como assim, Vanessa?”)
De resto, voltando ao Alzheimer - porque de quando em vez esqueço-me do título deste “post” – esquecemos que estamos a fazer tudo errado em Portugal: a construir TGV´s em tempos de "low costs"; gastar água em campos de golfe onde meia dúzia de gatos pingados põem os pés - quando a água está escassa; esbanjar dinheiro para que os nossos agricultores não produzam o que melhor sabem fazer; a expulsar do país quem quer trabalhar; acabar com o sistema de saúde; a prostituir a Educação com horas extra num sistema que está desactualizado, é desinteressante e superficial…Mas tudo bem! Não há problema! Amanhã já ninguém se lembra! E quando daqui a uns anos sofrermos na pele, mais uma vez, pelos erros do passado! Ah que se lixe, não é? Já ninguém se lembra. Vamos ficar assim, como a nossa imprensa nacional: com imagens tremidas, desfocaditas e os nossos eternos textos cacofónicas. Afinal, gostamos deles, assim. Sem memória, "Portugal.mente" falando!
1 comentário:
Certeiro e implacável. Não perdoas. Mas vê lá se voltas para fazer a revolução que isso de te refugiares no Brasil é cobardia.
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