-Vim doar dois livros, pode ser?
-Livros são sempre pertinentes…
- Ok, então é só deixar….
- O nosso sistema ainda não está actualizado.
- Então…Não posso deixar os livros?
- Poder até pode, mas as políticas corporativas ainda não foram aprovadas e o nosso sistema ainda não está disponível, mas qualquer pessoa pode vir aqui e requisitar.
-Nesse caso vou deixar os livros.
-Seria melhor se passasse aqui amanhã para os deixar novamente, talvez tenha uma posição.
Enquanto isso inclino-me para pegar, novamente: “OS LIVROS”. Mas a senhora puxa-os repentinamente para debaixo de uma resma de papéis perdidos. Olha-me esbugalhadamente.
-Mas quer, ou não, que deixe os livros? Não estou a perceber!
- Sabe o nosso sistema permite pesquisar quaisquer livros do acervo, mas ele ainda não está disponível para todos os usuários.
-Então, ok, passo na próxima semana quando já tiver uma actualização.
- Vai demorar! O sistema ainda não vai estar disponível
Rendida, impaciente, e pronta a carregar os livros de volta.-Mas livros são sempre pertinentes.
Pestanejo, incrédula! Suspiro, pronta a, definitivamente, recolher os ditos pertinentes quando…
-Este sistema vai ser realmente fabuloso. Em breve estará disponível…
- Tudo bem… Pode ficar com eles!
- Já conhece o sistema?
terça-feira, setembro 30, 2008
terça-feira, setembro 23, 2008
quinta-feira, setembro 11, 2008
quinta-feira, setembro 04, 2008
Diagnóstico: Bipolaridade. Tratamento: Neuroses múltiplas
Uma das minhas actividades favoritas [há quem diga anormais] é caminhar pelo centro de São Paulo de manhã até ao fim da tarde. Gosto de andar por ali. Naquele frenesim perdido, onde talvez o Inferno tenha estado um dia; e ,agora, por achar que seja um lugar demasiado estranho, tenha voado para outras moradas, deixando a promessa cumprida de um certo modo de ser infernal. Depois porque, como já disse aqui neste blog, São Paulo é um filme sem cortes: um plano sequência (que hei-de filmar) sem risco de monotonia ou segundos de bocejos aborrecidos. Em cada canto há uma história, em cada passo um tropeção que rouba um sorriso ou a náusea e, ainda, aquela expressãozinha de “uau!” surreal!! Não me habituo a esse cenário. Porque ele não se repete. É uma cidade desavergonhadamente cinematográfica. Mas, bem vistas as coisas: é um hospício a céu aberto!
Diagnóstico: “Alzheimer” Sábado, 13h. Depois da Avenida Rio Branco ela resolve caminhar. Entulho, prédios “pichados”, metade de um sofá desfeito no passeio, telhas no meio da rua, madeira esfiapada, gritos; o homem que passa está em tronco nu; pêlos abundantes excitados; um samba vadio vai-que-toca no auto-rádio: “Ele bem que podia falar com você!”.
Da bomba de gasolina ouve-se: “É abacaxi gostoso. Só aqui. Um real. É um real. Você nunca provou abacaxi assim. Só aqui, na van do Gomes. Vam´o lá pessoal. Vem conferir abacaxi natural. Só um real, Um real”. O som ecoa na avenida vazia. Na bomba de gasolina vazia. O som sai oco, vazio! Ninguém para provar o abacaxi. Só o ar. Carros passam acelerados, quase desfeitos. O motor ronca. Sai! Um armazém fechado. Outro. E depois, segue assim! Vai. De repente: uma adega de vinho! Bandeirinhas em roda vida. Amarelas, vermelhas, verdes: desfiadas! Ecos. Chegamos quase ao minhocão. Mais samba. Gritante. Estridente! Graffiti… Mais e mais. Ruínas. Casas faveladas. Churrasco na rua. Um aroma acre-queimado-que-algo-já estorricou. “Você viu ela?”. Avenida São João. Bugigangas. Jantes. Garageiros. Oficinas. E a Sala São Paulo tão imponente ao fundo. Colossal. Alva acizentada. O meu mundo não é daqui. Sou mundo. O homem segura roupa nova na mão. Cumprimenta: “Ah, tava pensando em passar lá daqui a pouco para falar com você! Posso pagar lá para terça-feira?”
Prescrição: Prozac
Banca de jornais. Uma mulher abandonada no jardim de pernas encolhidas, fetalmente dobradas. Cheiro azedo dos passeios. Mijo de anos entranhado. O homem mija contra a árvore. Casas enfarruscadas de velhice precoce. E muito alzheimer voluntário para não lembrar o que um dia foram. O carro passa. Não pára na passadeira. Deveria? Mais uma rua apinhada de sujidades. Cravejada de dificuldades. A de todos, as alheias. As que hão-de vir. E as que nunca chegam a morrer. Cobertores enrolados no chão. Mergulhados no cheiro agraz das ruas. Néons. Sexo vendido. Vende-se! Cinema com as últimas novidades eróticas. Três filmes pelo preço de dois. Sai uma tigrona em cuequinha fio dental. Uau! Mamas abundantes. Unhas garridamente avermelhadas! E aquele padrão vestuário base tipo onça pintada: ruauuuu! Vou-te pegar! E de novo, a avenida São João. Ao contrário de Caetano: nada acontece no meu coração, quando cruza a Ipiranga com a Avenida São João.
Sex Shop. Montras vermelhas. Corpetes aguerridos. Palpitantes. No primeiro andar! Quer entrar? Tem novidades gostosas só para você!
Sebos e mais sebos. Os alfarrabistas. VHS por 0,5 cêntimos. Uma prateleira a ser restaurada no meio do passeio – que também se vende - falar com o dono. “Cadê ele?”. Mais um sebo! Outro. Uma galeria quase a céu aberto: Rockabillies por todo o lado; punks; emos; vendedores ambulantes. Ervas sagradas. Banca de chás. Brincos. Sapatos. Sapatarias. Alianças a 3,99 reais. Casar é fácil. Vai encalhar? As vidas que passam. Vende-se vidas. Dá para trocar? Só por uma hora. Quero saber a vida que você é!
Shoppings a céu aberto. Vende-se tudo, amontoado. Calçada portuguesa – ou o que resta dela. Som tac, tac de passos acelerados. Sola metálica. Aquele passa com olhos de diabo. O diabo anda à solta? O que é o diabo? Mais sexo. Para dar e vender. Suar e render! Vale do Anhangabaú. Pronúncia controlada. Os espíritos voam livres. Escadas entupidas de suores. Quantos roçaram o rabo ali? Olhares desconfiados. À cuca. Cucados!
Ai, acho que apaguei as fotos! Que azar heim?
Pode ir ao laboratório. Eles têm um programa para recuperar fotos, viu? Será?!
Terapias
Samba boémio. Samba improvisado. Cadeiras de plástico amarelas. Há festa nos cantos. Palhaços para a festa. Pedintes na rua. Homens deitados, encolhidamente carcomidos pelas rugas fáceis das ruas. A mulher vende sapatos usados. Com cordões. Gastos à frente. Como a pele dela; as mãos, o cabelo, a roupa. Os pensamentos! Cabelos com crista – sem mar! Há tábuas depois das grades. Para não se ver para além daquelas vitrines. Pára. Para que lado afinal? Onde há Banco do Brasil? Ali é Brasil. Ali é mundo. Tabuletas enfileiradas: homens-tabuletas: compra-se ouro!
Efeitos Secundários: Neurose..zzzzzzz!!
Poças de água de esgoto. Formigas urbanas em sobrevivência. Vitrines de roupas vadias. Em promoção. Brasil em promoção: é aqui. A moça entra e levanta a cabeça para olhar os preços da tabela colada na parede. Caro. Segundos depois a garçonete vem: quer dar uma olhada no cardápio? Já estou olhando! Sai e resigna-se: a esquina do costume com os melhores sucos da cidade. E a melhor janela para ver o Brasil – ali, naquele centro militante de passos resistentes! Um velho corcunda segura a tábua: Compra-se ouro; atestado médico com garantia; limpa-se nome…. Um nome limpo. Como será? Doa-se rim, por bom preço! O velho senta-se cansado, em frente a outro, exausto de vida. Ou talvez a placa seja apenas um pouco mais pesada que a vida dele! O homem de bigode e barba aproxima-se, arrastando atrás de si um carrinho com um placard: “Hélio Sávio”, Presidente. A fotografia: ele. Ele: a fotografia. É ele: arrasta o carrinho. Cumprimenta alguém. Play: “Ninguém deve ser discriminado pela sua origem; pela classe social; pela cor da pele; pela raça. Diga não à discriminação. Quando for votar, nas próximas eleições, vote certo de uma vez, vote Hélio Sávio. Voz imponente, som metálico.
“Você já viu. Ele é vereador da Prefeitura. Está fazendo a própria campanha. É da hora”. É. É da hora. A cidade não tem tempo. O velho do lado diverte-se: coloca pilhas numa mão de plástico, irmã gémea da mãozinha da Família Adams. Coloca-a dentro de um saquinho. Ilude quem passa de que fala com a mão para ela se mexer. Vista de longe, assim, do alto da minha janela de esquina de sucos, parece real. A roda de gente condensa-se. Mais e mais gente. Gente, gente, gente….
A praça da Sé é isso… Gente. Brasil. Mundo. Retratos reais. As mulheres estão de saias rodadas sujas. Tranças. O homem está incendiado de fé. Grita. Vocifera. Esgalha a voz como se suplicasse ajuda! Empunha a Bíblia com garra e força. Na outra mão leva o microfone à boca. “Jesus é a salvação… Jesus é devoção. Só ele salva. Só ele conforta. Não caia na tentação de ficar longe dele…” Três gatos pingados olham. Ele fala para eles como se se agarrasse ao último fio de uma corda que o segura antes do abismo, convictamente. Trai a voz desfiada em falsete. O homem quase se esbarra comigo. Passo no ponto onde nasceu São Paulo. Bem ali: em frente à Sé, o marco oficial. Mais uma roda de fé. Mas, concorrida. Diversão de sábado à tarde. Aliás, da semana toda! Quase esconde o corpo do falante! “E aí irmão? Já rezou ao Senhor hoje. Ele sabe. Mateus já dizia. Leia, leia, irmão. Leia aí uma passagem desse texto”.
Camisa de forças
Homem de chinelos. Homem descalço. Pés encardidos de cinza e de lixo. Unhas negras. Cheiro acre de corpo em decomposição. Uma roda de convívio. Fuma um cigarro. Mais outro. As escadas da Sé estão cheias de rostos. De fé! O homem passa e olha esbugalhadamente como se pedisse: salva-me; ou leva-me contigo!
Atrás da sé; da fé: as prostitutas fogem à polícia. Ela assenta arraiais ali, de carro parado. Não consegue abrir a porta do Banco do Brasil. A mulher da rua dá as indicações: você tem que puxar ela para cima e depois empurrar” Obrigada! Depois desvia o olhar: Oi gatinho! Está a fim de se divertir?
Do outro lado da rua, em lonas amarelas: “Sebo do Messias”. É: só Jesus salva, mas antes entra no hospício a céu aberto! Bem-vindos ao centro São Paulo. Talvez tenham razão as más línguas: não nada absolutamente de divertido neste lugar! Mas enfim, não tenho solução médica. Volto lá este fim-de-semana!
Diagnóstico: “Alzheimer” Sábado, 13h. Depois da Avenida Rio Branco ela resolve caminhar. Entulho, prédios “pichados”, metade de um sofá desfeito no passeio, telhas no meio da rua, madeira esfiapada, gritos; o homem que passa está em tronco nu; pêlos abundantes excitados; um samba vadio vai-que-toca no auto-rádio: “Ele bem que podia falar com você!”.
Da bomba de gasolina ouve-se: “É abacaxi gostoso. Só aqui. Um real. É um real. Você nunca provou abacaxi assim. Só aqui, na van do Gomes. Vam´o lá pessoal. Vem conferir abacaxi natural. Só um real, Um real”. O som ecoa na avenida vazia. Na bomba de gasolina vazia. O som sai oco, vazio! Ninguém para provar o abacaxi. Só o ar. Carros passam acelerados, quase desfeitos. O motor ronca. Sai! Um armazém fechado. Outro. E depois, segue assim! Vai. De repente: uma adega de vinho! Bandeirinhas em roda vida. Amarelas, vermelhas, verdes: desfiadas! Ecos. Chegamos quase ao minhocão. Mais samba. Gritante. Estridente! Graffiti… Mais e mais. Ruínas. Casas faveladas. Churrasco na rua. Um aroma acre-queimado-que-algo-já estorricou. “Você viu ela?”. Avenida São João. Bugigangas. Jantes. Garageiros. Oficinas. E a Sala São Paulo tão imponente ao fundo. Colossal. Alva acizentada. O meu mundo não é daqui. Sou mundo. O homem segura roupa nova na mão. Cumprimenta: “Ah, tava pensando em passar lá daqui a pouco para falar com você! Posso pagar lá para terça-feira?”
Prescrição: Prozac
Banca de jornais. Uma mulher abandonada no jardim de pernas encolhidas, fetalmente dobradas. Cheiro azedo dos passeios. Mijo de anos entranhado. O homem mija contra a árvore. Casas enfarruscadas de velhice precoce. E muito alzheimer voluntário para não lembrar o que um dia foram. O carro passa. Não pára na passadeira. Deveria? Mais uma rua apinhada de sujidades. Cravejada de dificuldades. A de todos, as alheias. As que hão-de vir. E as que nunca chegam a morrer. Cobertores enrolados no chão. Mergulhados no cheiro agraz das ruas. Néons. Sexo vendido. Vende-se! Cinema com as últimas novidades eróticas. Três filmes pelo preço de dois. Sai uma tigrona em cuequinha fio dental. Uau! Mamas abundantes. Unhas garridamente avermelhadas! E aquele padrão vestuário base tipo onça pintada: ruauuuu! Vou-te pegar! E de novo, a avenida São João. Ao contrário de Caetano: nada acontece no meu coração, quando cruza a Ipiranga com a Avenida São João.
Sex Shop. Montras vermelhas. Corpetes aguerridos. Palpitantes. No primeiro andar! Quer entrar? Tem novidades gostosas só para você!
Sebos e mais sebos. Os alfarrabistas. VHS por 0,5 cêntimos. Uma prateleira a ser restaurada no meio do passeio – que também se vende - falar com o dono. “Cadê ele?”. Mais um sebo! Outro. Uma galeria quase a céu aberto: Rockabillies por todo o lado; punks; emos; vendedores ambulantes. Ervas sagradas. Banca de chás. Brincos. Sapatos. Sapatarias. Alianças a 3,99 reais. Casar é fácil. Vai encalhar? As vidas que passam. Vende-se vidas. Dá para trocar? Só por uma hora. Quero saber a vida que você é!
Shoppings a céu aberto. Vende-se tudo, amontoado. Calçada portuguesa – ou o que resta dela. Som tac, tac de passos acelerados. Sola metálica. Aquele passa com olhos de diabo. O diabo anda à solta? O que é o diabo? Mais sexo. Para dar e vender. Suar e render! Vale do Anhangabaú. Pronúncia controlada. Os espíritos voam livres. Escadas entupidas de suores. Quantos roçaram o rabo ali? Olhares desconfiados. À cuca. Cucados!
Ai, acho que apaguei as fotos! Que azar heim?
Pode ir ao laboratório. Eles têm um programa para recuperar fotos, viu? Será?!
Terapias
Samba boémio. Samba improvisado. Cadeiras de plástico amarelas. Há festa nos cantos. Palhaços para a festa. Pedintes na rua. Homens deitados, encolhidamente carcomidos pelas rugas fáceis das ruas. A mulher vende sapatos usados. Com cordões. Gastos à frente. Como a pele dela; as mãos, o cabelo, a roupa. Os pensamentos! Cabelos com crista – sem mar! Há tábuas depois das grades. Para não se ver para além daquelas vitrines. Pára. Para que lado afinal? Onde há Banco do Brasil? Ali é Brasil. Ali é mundo. Tabuletas enfileiradas: homens-tabuletas: compra-se ouro!
Efeitos Secundários: Neurose..zzzzzzz!!
Poças de água de esgoto. Formigas urbanas em sobrevivência. Vitrines de roupas vadias. Em promoção. Brasil em promoção: é aqui. A moça entra e levanta a cabeça para olhar os preços da tabela colada na parede. Caro. Segundos depois a garçonete vem: quer dar uma olhada no cardápio? Já estou olhando! Sai e resigna-se: a esquina do costume com os melhores sucos da cidade. E a melhor janela para ver o Brasil – ali, naquele centro militante de passos resistentes! Um velho corcunda segura a tábua: Compra-se ouro; atestado médico com garantia; limpa-se nome…. Um nome limpo. Como será? Doa-se rim, por bom preço! O velho senta-se cansado, em frente a outro, exausto de vida. Ou talvez a placa seja apenas um pouco mais pesada que a vida dele! O homem de bigode e barba aproxima-se, arrastando atrás de si um carrinho com um placard: “Hélio Sávio”, Presidente. A fotografia: ele. Ele: a fotografia. É ele: arrasta o carrinho. Cumprimenta alguém. Play: “Ninguém deve ser discriminado pela sua origem; pela classe social; pela cor da pele; pela raça. Diga não à discriminação. Quando for votar, nas próximas eleições, vote certo de uma vez, vote Hélio Sávio. Voz imponente, som metálico.
“Você já viu. Ele é vereador da Prefeitura. Está fazendo a própria campanha. É da hora”. É. É da hora. A cidade não tem tempo. O velho do lado diverte-se: coloca pilhas numa mão de plástico, irmã gémea da mãozinha da Família Adams. Coloca-a dentro de um saquinho. Ilude quem passa de que fala com a mão para ela se mexer. Vista de longe, assim, do alto da minha janela de esquina de sucos, parece real. A roda de gente condensa-se. Mais e mais gente. Gente, gente, gente….
A praça da Sé é isso… Gente. Brasil. Mundo. Retratos reais. As mulheres estão de saias rodadas sujas. Tranças. O homem está incendiado de fé. Grita. Vocifera. Esgalha a voz como se suplicasse ajuda! Empunha a Bíblia com garra e força. Na outra mão leva o microfone à boca. “Jesus é a salvação… Jesus é devoção. Só ele salva. Só ele conforta. Não caia na tentação de ficar longe dele…” Três gatos pingados olham. Ele fala para eles como se se agarrasse ao último fio de uma corda que o segura antes do abismo, convictamente. Trai a voz desfiada em falsete. O homem quase se esbarra comigo. Passo no ponto onde nasceu São Paulo. Bem ali: em frente à Sé, o marco oficial. Mais uma roda de fé. Mas, concorrida. Diversão de sábado à tarde. Aliás, da semana toda! Quase esconde o corpo do falante! “E aí irmão? Já rezou ao Senhor hoje. Ele sabe. Mateus já dizia. Leia, leia, irmão. Leia aí uma passagem desse texto”.
Camisa de forças
Homem de chinelos. Homem descalço. Pés encardidos de cinza e de lixo. Unhas negras. Cheiro acre de corpo em decomposição. Uma roda de convívio. Fuma um cigarro. Mais outro. As escadas da Sé estão cheias de rostos. De fé! O homem passa e olha esbugalhadamente como se pedisse: salva-me; ou leva-me contigo!
Atrás da sé; da fé: as prostitutas fogem à polícia. Ela assenta arraiais ali, de carro parado. Não consegue abrir a porta do Banco do Brasil. A mulher da rua dá as indicações: você tem que puxar ela para cima e depois empurrar” Obrigada! Depois desvia o olhar: Oi gatinho! Está a fim de se divertir?
Do outro lado da rua, em lonas amarelas: “Sebo do Messias”. É: só Jesus salva, mas antes entra no hospício a céu aberto! Bem-vindos ao centro São Paulo. Talvez tenham razão as más línguas: não nada absolutamente de divertido neste lugar! Mas enfim, não tenho solução médica. Volto lá este fim-de-semana!
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